Agora é salve-se quem puder
Primeiro a PEC 37 estava prevista para ser
votada no dia 26, impreterivelmente. Com o ardor das manifestações de
protestos, em várias capitais do país, clamando pela rejeição da PEC 37, a
Câmara, na semana passada, resolve adiar a votação para julho, imaginando que o
movimento logo terminaria como se fosse um fogo de palha. Entretanto, os
protestos aumentaram, passando a ocupar quase todo o território nacional, numa
demonstração de que era um movimento de engajamento popular, nacional e
consistente. Após a reunião, convocada pela presidente, com os representantes
do Movimento Passe Livre, os noticiários deram conta de que as propostas
apresentadas pelo governo não eram nada satisfatórias às reivindicações do povo
nem às do MPL. Além disso, elas representaram uma batata quente jogada contra
governadores, prefeitos e políticos do Congresso. Ou seja, a presidente tentou
se livrar do ônus político que o movimento a condenaria. Todavia, ao perceberem
que o bode já estava na sala, o presidente da Câmara imediatamente esforçou-se
por convencer a todos os pares quanto à antecipação da votação da PEC 37, para
o dia 25 em caráter de urgência (por desespero), e também pela sua rejeição
(por medo). Ulysses Guimarães dizia que "a única coisa que mete medo em
político é o povo nas ruas". E com toda razão! Na votação, foram 430 a
favor, 9 contra e 2 abstenções. Parece que nunca na história da Câmara houve
uma virada tão significativa quanto essa. Lembrando que a maioria do plenário
na CCJ da Câmara dos deputados era a favor da PEC 37. Se antes a presidente
reclamava das limitações políticas, agora, então, as aprovações dos projetos do
governo ficarão para as calendas. Isso tudo, possivelmente, se deve aos
resultados da reunião com governadores, prefeitos e representantes do MPL, que
não foram nada convincentes nem apresentavam soluções imediatas. Pelo
contrário, de imediato mesmo foi a proposta de plebiscito que caiu feito uma
bomba no Congresso e causou grandes transtornos no meio jurídico. O que se
vislumbra de imediato é que o feitiço virou contra a feiticeira, e ela acabou
ficando com a batata quente e tomando conta do bode na sala. E agora,
presidente, qual será o novo pacto a ser apresentado? 
Celso Pereira Lara   
Nenhum comentário:
Postar um comentário