segunda-feira, 24 de junho de 2013

219-PEC 37/2011

 O desmonte sistemático do poder judiciário

A Proposta de Emenda Constitucional 37, na essência,  pretende estabelecer a privatividade da investigação das infrações penais para as polícias civil e federal. Atualmente, essa atribuição é também de competência do Ministério Público, entretanto, a proposta caminha no sentido de que somente os próprios delegados de polícia possam conduzir a investigação de crimes no Brasil. Intrigante é que a PEC 37 é de iniciativa do deputado federal, e delegado de Polícia Civil, Lourival Mendes (PTdoB-MA), e surgiu na época em que muitos escândalos de corrupção no governo estariam sendo investigados pelo Ministério Público.

Rejeição da PEC 37 pela FENAPEF
Na AGE da  Federação Nacional dos Policias Federais (FENAPEF), após longos debates, houve unanimidade pela rejeição da proposta em apreço, considerando que, entre outras desvantagens, haveria uma ruptura da carreira policial federal. Provocaria o desmonte  da instituição.  http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/42365

Rejeição da PEC 37 pela CONAMP
No site da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), há um esclarecimento à população com a seguinte conclusão: "Caso venha a ser aprovada, o Brasil voltará a ser o paraíso da impunidade para os delinquentes de colarinho branco e estará desrespeitando abertamente vários compromissos assumidos por meio de tratados e convenções das Nações Unidas, que recomendam a participação do Ministério Público nas investigações criminais como forma de garantir isenção, independência e eficiência no combate à tortura, à corrupção e ao crime organizado.

Rejeição da PEC 37 pelo povo
A grande quantidade de ações penais executadas pelo Ministério Público incomodou bastante os políticos da base aliada do governo, e se tais casos tivessem sido repassados à Polícia Federal, os crimes poderiam não ter sido julgados. Eles acabariam prescritos, caso as investigações não se concluíssem a tempo. Então, por que essa preocupação do delegado de Polícia Civil em trazer para si toda essa responsabilidade na apuração de crimes de corrupção no governo? Sabido que a Polícia Civil não daria conta das investigações, pelo próprio aumento da criminalidade urbana. A criação dessa proposta surgiu exatamente no momento em que o Ministério público, que investigava o esquema do mensalão, iria encaminhar o processo ao Supremo Tribunal Federal (STF). As manifestações de protestos em todo o país revelaram que, dentre as insatisfações do povo, a PEC 37 foi a mais evidente. A apreciação da proposta, pelo plenário da Câmara dos Deputados, estaria prevista para o dia 26 de junho. Segundo o presidente da Câmara, a votação aconteceria “de forma irreversível” na data marcada. Entretanto, na tentativa de minimizar os protestos, a Câmara decide adiar, sine die, a votação da proposta. Existe a possibilidade de a votação ocorrer a qualquer instante, o que seria mais uma traição ao povo, comprovando que a sociedade não tem representação política. Se a PEC 37 for aprovada, haverá um grande retrocesso político neste país, provocado pelo enfraquecimento das investigações de crimes cometidos na esfera governamental, contribuindo assim para o aumento da corrupção. Há fortes tendências para o desmonte das instituições do Poder Judiciário. Outra proposta de efeito devastador é a PEC 33, que, se aprovada, permitiria ao Congresso ter controle sobre ações do Supremo Tribunal Federal. As PECs 33 e 37 são emendas constitucionais que não favorecem a transparência das atividades do poder público. São, na realidade, mais duas inconstitucionalidades, pois agridem as instituições garantidoras do cumprimento da lei, os principais pilares de defesa da Constituição. Com a aprovação das duas emendas, o Brasil estaria certamente caminhando para o totalitarismo. 
Celso Pereira Lara

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