Por
ordem da presidente, prefeitos e governadores  resolveram ceder, antes que o Brasil pegue fogo
Se ainda é cedo
para prenunciar, depois vai ser tarde para concluir. Esse é o dilema em que se
encontra a chefe do governo federal, Dilma Rousseff. Há muitos 'talvez' ao
longo das manifestações que hoje faz 9 dias de intensa atividade nas muitas
cidades do país. Primeiro, no dia 11, terça-feira, o governador e o prefeito de
São Paulo endureceram as palavras e atitudes, porque 'talvez' tivessem pensado que o
movimento acabaria, por si só, logo nos primeiros dias. Mas não acabou, pois as
manifestações cresciam a cada dia. Depois, apostaram na desmobilização das
manifestações no dia 14, sexta-feira, data em que os conflitos aumentaram com a
chegada da tropa de choque da policia militar, porque 'talvez' tivessem pensado
que tudo ficaria mais calmo no dia seguinte. Mas não ficou, pois os protestos
mostravam que não eram somente por causa dos 0,20 do aumento das tarifas de
transportes urbanos. Mais adiante, na segunda-feira, dia 17, a eclosão foi ainda
maior em quase todas as capitais do Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo,
vários manifestantes ficaram feridos por balas de revólver, quando tentavam
invadir e  incendiar a Assembleia
Legislativa. Enfim, as manifestações ainda não pararam de crescer. Hoje, dia
19, vários prefeitos recuaram nos preços das tarifas. Em Brasília, o governo
estuda a possibilidade de tarifa zero: "Representantes do Movimento Passe
Livre do Distrito Federal se reuniram com o GDF no início da tarde, para
discutir a proposta do passe livre e a circulação noturna dos ônibus no
Distrito Federal.  Após  o encontro no Palácio do Buriti, o secretário
de Governo, Gustavo Ponce de Leon, disse que o GDF vai analisar e comparar as
experiências sobre o passe livre que já existem em algumas cidades do Brasil e
no exterior". 'Talvez' seja uma proposta, em forma de manobra política,
que poderia levar muito tempo para ser colocada em prática, mas que seria
prejudicada pelo período de campanhas eleitorais. O maior 'talvez' nessa
história toda é quanto a possibilidade de o movimento se encerrar, embora até já
haja motivos. ‘Talvez’, nesta quinta-feira, dia 20, para cumprir a agenda, as
manifestações mais uma vez poderão acontecer em todo o país, mas 'talvez' não
haja a garantia de continuidade, considerando também que os manifestantes,
agora sim, já estão desgastados. Se realmente terminar, a conclusão que fica é
que o movimento foi vitorioso, que serviu para mostrar ao governo que a
população já sabe como encaminhar as suas reivindicações. Não há mais
necessidade de implorar aos políticos. Enfim, a representação política da sociedade
ficou bem diminuída. Sem 'talvez'. 
Celso Pereira Lara
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