quarta-feira, 19 de junho de 2013

214-Protestos: a lição que fica

Por ordem da presidente, prefeitos e governadores  resolveram ceder, antes que o Brasil pegue fogo

Se ainda é cedo para prenunciar, depois vai ser tarde para concluir. Esse é o dilema em que se encontra a chefe do governo federal, Dilma Rousseff. Há muitos 'talvez' ao longo das manifestações que hoje faz 9 dias de intensa atividade nas muitas cidades do país. Primeiro, no dia 11, terça-feira, o governador e o prefeito de São Paulo endureceram as palavras e atitudes, porque 'talvez' tivessem pensado que o movimento acabaria, por si só, logo nos primeiros dias. Mas não acabou, pois as manifestações cresciam a cada dia. Depois, apostaram na desmobilização das manifestações no dia 14, sexta-feira, data em que os conflitos aumentaram com a chegada da tropa de choque da policia militar, porque 'talvez' tivessem pensado que tudo ficaria mais calmo no dia seguinte. Mas não ficou, pois os protestos mostravam que não eram somente por causa dos 0,20 do aumento das tarifas de transportes urbanos. Mais adiante, na segunda-feira, dia 17, a eclosão foi ainda maior em quase todas as capitais do Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, vários manifestantes ficaram feridos por balas de revólver, quando tentavam invadir e  incendiar a Assembleia Legislativa. Enfim, as manifestações ainda não pararam de crescer. Hoje, dia 19, vários prefeitos recuaram nos preços das tarifas. Em Brasília, o governo estuda a possibilidade de tarifa zero: "Representantes do Movimento Passe Livre do Distrito Federal se reuniram com o GDF no início da tarde, para discutir a proposta do passe livre e a circulação noturna dos ônibus no Distrito Federal.  Após  o encontro no Palácio do Buriti, o secretário de Governo, Gustavo Ponce de Leon, disse que o GDF vai analisar e comparar as experiências sobre o passe livre que já existem em algumas cidades do Brasil e no exterior". 'Talvez' seja uma proposta, em forma de manobra política, que poderia levar muito tempo para ser colocada em prática, mas que seria prejudicada pelo período de campanhas eleitorais. O maior 'talvez' nessa história toda é quanto a possibilidade de o movimento se encerrar, embora até já haja motivos. ‘Talvez’, nesta quinta-feira, dia 20, para cumprir a agenda, as manifestações mais uma vez poderão acontecer em todo o país, mas 'talvez' não haja a garantia de continuidade, considerando também que os manifestantes, agora sim, já estão desgastados. Se realmente terminar, a conclusão que fica é que o movimento foi vitorioso, que serviu para mostrar ao governo que a população já sabe como encaminhar as suas reivindicações. Não há mais necessidade de implorar aos políticos. Enfim, a representação política da sociedade ficou bem diminuída. Sem 'talvez'. 

Celso Pereira Lara


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