sexta-feira, 14 de junho de 2013

206-Protestar enquanto é possível

Manifestação popular, em forma de protesto, 
por enquanto não é terrorismo!

Na Comissão mista do Congresso, a votação de lei sobre T-E-R-R-O-R-I-S-M-O fica para o dia 27, com impasse sobre inclusão de movimentos sociais. O relator Romero Jucá (PMDB) quer incluir, na definição desses crimes, motivos ‘ideológico, religioso, político ou de preconceito racial ou étnico’. Miro Teixeira (PDT) é contra parte do parecer, que abre essa possibilidade de inclusão dos movimentos sociais.

As passeatas de protestos em várias capitais do país, durante esta semana e encerradas na quinta-feira, promovidas pelos estudantes, contra o aumento de tarifa dos transportes coletivos urbanos, apesar de vandalismos de ambos os lados (policiais e manifestantes), abriram a possibilidade de outros movimentos reivindicatórios ocuparem as ruas. O primeiro passo já foi dado, o caminho já está traçado, as portas já estão abertas aos reclamos do povo, e que sejam rápidos. Se a manifestação foi articulada com intenções políticas, segundo alguns prefeitos e governadores, então é sinal de que as coisas não vão tão bem quanto divulgadas pelo governo, na mídia. Inclusive basta verificar os resultados das pesquisas de popularidade da presidente Dilma. Será que, desta vez, algum ministro teria a coragem de atribuir esse tumulto à oposição?  Os metroviários ameaçam entrar em greve; os policiais civis também; os funcionários públicos estão insatisfeitos com as migalhas recebidas do governo até 2015 e com grandes perdas acumuladas, que chegam a 25%; os caminhoneiros reclamam das estradas esburacadas, que trazem prejuízos aos veículos e encarecem os fretes; as revistas estrangeiras divulgam o descrédito na economia brasileira, ao emitir críticas severas ao governo de Dilma. É que todos já sabem dos artifícios utilizados na contabilidade do Brasil, para o fechamento das contas públicas. A isso chamam de "contabilidade criativa" e dizem que os dados econômicos "decepcionantes" não param de ser divulgados no Brasil. Depois do fraco desempenho do PIB (pibinho) apresentado em novembro2012, o governo de Dilma Rousseff "admite que só atingiu a meta de superávit primário" após "omitir algumas despesas em infraestrutura", "antecipar dividendos de estatais" e "atacar o fundo soberano"; a presidente determina que a Petrobrás segure os preços da gasolina e ao mesmo tempo pede aos governos estaduais e municipais que não aumentem os preços das tarifas urbanas. A inflação, embora represada, aumenta a cada mês e ameaça sair de controle a qualquer momento, considerando que o governo já gastou todas as munições possíveis para contê-la. O poder de compra da população, enfraquecido, faz com que a economia não cresça, e consequentemente o PIB acaba virando pibinho; o preço do dólar também pressionando para cima é motivo de subida da inflação; os megaescândalos do mensalão;  o caso Rosemary; o retorno dos condenados do mensalão aos escalões do governo; o tumulto do Bolsa Família ainda não esclarecido; O desembolso pelo BNDES no valor de US$ 875 milhões em 2012, para financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. No ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de secreto, e dessa forma o conteúdo dos documentos só poderá ser conhecido a partir de 2027; A PEC 37,  conhecida como PEC da Impunidade, pretende tirar o poder de investigação criminal dos Ministérios Públicos Estaduais e Federal, modificando a Constituição Brasileira. Na prática, se aprovada, a emenda praticamente inviabilizará investigações contra o crime organizado, desvio de verbas, corrupção, abusos cometidos por agentes do Estado e violações de direitos humanos; a Procuradoria Geral Eleitoral apresentou representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na qual pede que a presidente Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores sejam multados por propaganda eleitoral antecipada em razão de programas veiculados pelo PT na televisão nos dias 27 e 30 de abril e no dia 2 de maio. Pede ainda que seja suspenso o direito de propaganda eleitoral ao partido no segundo semestre. Motivo: "algumas passagens da transmissão do programa constituem verdadeiro discurso de campanha, divulgando ações da administração como presidente da República"; o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro instaurou procedimento investigatório criminal a fim de apurar possíveis infrações na compra da refinaria de Pasadena (Texas, EUA) pela Petrobrás. O objetivo é esclarecer a possível evasão de divisas e peculato, por indícios de superfaturamento. A presidente da Petrobrás, Graça Foster, juntamente com os diretores à época foram intimados a depor. O MPF também pede uma série de documentos à Petrobrás, incluindo os contratos com a Oldebrecht Engenharia, que contemplam serviços em Pasadena e em nove países; O Conselho Nacional de Justiça declara: "quase um terço dos tribunais descumpre ficha limpa". Dados do CNJ mostram que de 90 tribunais sob os cuidados do órgão, 28 não cumprem integralmente uma resolução que exige "ficha limpa" para contratação de funcionários comissionados, ocupantes de funções de confiança e terceirizados do judiciário. A medida está em vigor desde 2012 e vale para Justiça Federal, Eleitoral, Estadual, Militar e tribunais de contas, além de tribunais superiores; a mordaça na imprensa: "democratização dos meios de comunicação" é o termo utilizado pelas lideranças petistas para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa no país. Em discussão, está o marco regulatório para as comunicações, projeto de lei que o PT vem pressionando o governo a aprovar, e que traz na raiz o embrião autoritário da censura. Embora os líderes petistas se esforcem para disfarçar as feições autoritárias do projeto, os discursos no seminário deixam claro: a imprensa livre incomoda setores do PT; a mordaça no Judiciário: a CCJ aprovou a PEC que dá ao Congresso o poder de derrubar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre emendas constitucionais. A proposta ainda precisa ser analisada por uma comissão especial na Câmara antes de ser votada no plenário; a UNE já marcou data para uma jornada de lutas unificada do movimento estudantil: uma convocação, para que os estudantes tomem as ruas das principais cidades. "No dia 28 de agosto faremos uma grande passeata em Brasília para pressionar nosso Congresso pelos 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do fundo social do Pré-Sal para a educação"; a tensão com indígenas do Norte e do Mato Grosso do Sul; O Bolsa Estupro, que teve o projeto de lei aprovado, mas ainda precisa passar pela CCJ e pelo plenário da  Câmara para então ser encaminhado ao Senado. Tudo isso, mais outros casos, contribuem para o descontentamento da população, culminando em descrédito ao governo. E não é à toa que o índice de popularidade da Presidente Dilma acusou uma queda de 8% (65 para 57%).

Celso Pereira Lara

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