Vandalismo de quem?
A onda de protestos, iniciada por estudantes, contra
o aumento das tarifas de transportes coletivos urbanos, ganha adesões, chegando,
segundo informações da Polícia Militar, a aproximadamente 5 mil manifestantes
na Av. Paulista, no centro da cidade de São Paulo. Os estudantes não aceitam o
aumento de 3,00 para 3,20. Nos primeiros dias desta semana houve vandalismos e
muitos envolvidos foram presos. Entretanto, nesta Quinta-feira, dia 13, o ato, que
teve início às 17h, em frente ao Teatro Municipal, foi marcado pela cautela,
sem nenhum vandalismo registrado. O vandalismo maior teria sido praticado pelos
agentes policiais: a tropa de choque da Polícia Militar radicalizou em suas
atitudes. Policiais tentam esvaziar os  movimentos de protestos, efetuando
aleatoriamente prisões de manifestantes, com o objetivo de aumentar as
estatísticas de prisões e intimidar as lideranças. Bombas de efeito moral ou de
gás, balas de borracha, spray de pimenta e polícia montada ou cavalaria foram
as armas utilizadas pela Polícia Militar para dispersar os manifestantes, que
nesta quinta-feira estavam em manifestação pacífica, jogando flores na frente
dos guardas e gritando palavras de ordem como "o povo unido jamais será
vencido", "abaixo a ditadura" e "você aí fardado, também é
explorado". O movimento pacífico de hoje foi interrompido pelas bombas de
gás lacrimogênio, lançadas pelos militares. O movimento dos estudantes também
repercutiu na Imprensa internacional, que interpretou que o Brasil passa por um
momento de fragilidade no controle da inflação, e que os salários já
deteriorados não suportariam qualquer aumento de preço. O governador Geraldo
Alckmin e o prefeito Fernando Haddad declararam que não aceitam a redução da
tarifa e não querem negociar com as lideranças do movimento, porque foram
praticados atos de vandalismo. Convém lembrar que em algumas cidades de São
Paulo os prefeitos decidiram pelo valor anterior das tarifas. A tendência é de
que outras prefeituras paulistas retirem os reajustes. Será que a Comissão da
Verdade, que investiga crimes políticos cometidos por agentes do Estado entre
1946 e 1988, criada pelo governo Dilma, teria também que investigar os atos
praticados pelos policiais militares neste governo? A força utilizada pelos
policiais ultrapassou os padrões de manutenção da ordem, chegando ao confronto
puro e simplesmente. A presença maciça e a atitude dos policiais militares
lembram muito bem a época da ditadura militar, tempos repudiados pela cúpula do
PT. Os protestos ocorreram, simultaneamente, nas cidades do Rio de Janeiro, São
Paulo, Natal, Maceió e Porto Alegre. Imagens de tv mostram policiais
vistoriando ou botando qualquer um para correr dali, mesmo que esteja parado,
apreciando ou  filmando o conflito. Foram
mais de três horas de barulhos de bombas. O que demonstra claramente a
radicalização nas investidas dos policiais é o fato de que o repórter Piero
Locatelli, de Carta Capital, e o fotógrafo do Terra, Fernando Borges, tenham
sido levados para a delegacia, mesmo se identificando no ato da abordagem, na
rua. Durante o confronto, sete jornalistas se feriram e cerca de duzentos
manifestantes foram detidos. A Polícia Federal já se colocou à disposição para
entrar em campo. Os excessos são práticas típicas do regime militar, tão
combatidas e não aceitas pelo Partido dos Trabalhadores. E o prefeito Haddad é
do PT. O protesto, nesta quinta, foi encerrado às 22h.
Celso
Pereira Lara
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