A preocupação é maior com
os países da América Latina
A justificativa que o
presidente dos EUA apresentou parece estar carregada de evasivas. Não convenceu,
portanto, a chefe do governo brasileiro, nem os chefes de outros Estados. E não
é sem motivos que os Estados Unidos tenham espalhado seu sistema de espionagem
sobre os países da América Latina, considerando que o socialismo-comunismo
grassa a céu aberto por aquela região e por onde circula o maior tráfico de
drogas e armas do mundo. Daí a preocupação em manter a espionagem atualizada,
porque são países revolucionários que ameaçam a paz nas Américas, conforme
palestras no Foro de São Paulo. A presidente se mostra muito preocupada com os
documentos secretos disponibilizados no site WikiLeaks. Tudo começou quando
Edward Snowden,  o ex-técnico da
CIA e ex-funcionário da empresa
que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) vazou programas
ultrassecretos de monitoramento dos EUA, contendo informações de uma rede de
espionagem americana, e Julian Assange, fundador do WikiLeaks, tratou de
publicá-las em seu site com divulgação em escala mundial. Ambos estão foragidos
dos Estados Unidos e buscaram asilo político. Trata-se do maior caso de
vazamento de informações sigilosas ocorrido na história americana. Informações
dos computadores da Petrobrás também teriam sido retiradas, e não é à toa que a
presidente se mostra inconformada, em busca da verdade. Não obstante, a
indignação que ela sente por esses acontecimentos não é a mesma que o povo
brasileiro sente pelo seu governo. Casualmente, o presidente americano está
fazendo com a presidente brasileira justamente o que ela costuma fazer com o
povo do Brasil: apresentar explicações que não convencem. Respostas evasivas potencializam
a indignação e, certamente, isso contamina a população. Em qualquer país, a espionagem
é um serviço utilizado por empresas de tecnologia da informação, tanto externa
quanto internamente. Pior do que a espionagem em
si é a falta de transparência de um governo. Se o vazamento de informações revelasse
os itens das despesas com cartões corporativos da Presidência, da Abin e da PF,
já seria suficiente o bastante para o povo dizer que valeu a pena a espionagem.
São mais de 13 mil cartões de pagamento do governo espalhados pelo país e
gastam 46% de forma secreta. Na Presidência, chegam a 95% as despesas
sigilosas. No Brasil, no dia 13 de setembro, saiu uma notícia informando
que a estatal “Vale espiona movimentos sociais, sindicatos e funcionários”,
segundo denúncia feita ao Ministério Público por um ex-empregado. “O MST ainda é o principal alvo da segurança da Vale”,
relata. A montagem do modelo de vigilância da Vale começou na ditadura militar,
e isso já seria mais um motivo para aumentar a indignação da presidente. Contudo,
a decisão de cancelar a viagem agendada a Washington demonstraria que falta
equilíbrio para manter um diálogo com o opositor e sobra radicalismo para o
enfrentamento de situações diplomáticas. E, radicalizando dessa forma com os
EUA, arranhando a diplomacia brasileira, o que teria o Brasil a ganhar daqui
para frente? 
Celso
Pereira Lara
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