segunda-feira, 16 de setembro de 2013

262-Vazamento de informações

A preocupação é maior com os países da América Latina

A justificativa que o presidente dos EUA apresentou parece estar carregada de evasivas. Não convenceu, portanto, a chefe do governo brasileiro, nem os chefes de outros Estados. E não é sem motivos que os Estados Unidos tenham espalhado seu sistema de espionagem sobre os países da América Latina, considerando que o socialismo-comunismo grassa a céu aberto por aquela região e por onde circula o maior tráfico de drogas e armas do mundo. Daí a preocupação em manter a espionagem atualizada, porque são países revolucionários que ameaçam a paz nas Américas, conforme palestras no Foro de São Paulo. A presidente se mostra muito preocupada com os documentos secretos disponibilizados no site WikiLeaks. Tudo começou quando Edward Snowden,  o ex-técnico da CIA e ex-funcionário da empresa que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) vazou programas ultrassecretos de monitoramento dos EUA, contendo informações de uma rede de espionagem americana, e Julian Assange, fundador do WikiLeaks, tratou de publicá-las em seu site com divulgação em escala mundial. Ambos estão foragidos dos Estados Unidos e buscaram asilo político. Trata-se do maior caso de vazamento de informações sigilosas ocorrido na história americana. Informações dos computadores da Petrobrás também teriam sido retiradas, e não é à toa que a presidente se mostra inconformada, em busca da verdade. Não obstante, a indignação que ela sente por esses acontecimentos não é a mesma que o povo brasileiro sente pelo seu governo. Casualmente, o presidente americano está fazendo com a presidente brasileira justamente o que ela costuma fazer com o povo do Brasil: apresentar explicações que não convencem. Respostas evasivas potencializam a indignação e, certamente, isso contamina a população. Em qualquer país, a espionagem é um serviço utilizado por empresas de tecnologia da informação, tanto externa quanto internamente. Pior do que a espionagem em si é a falta de transparência de um governo. Se o vazamento de informações revelasse os itens das despesas com cartões corporativos da Presidência, da Abin e da PF, já seria suficiente o bastante para o povo dizer que valeu a pena a espionagem. São mais de 13 mil cartões de pagamento do governo espalhados pelo país e gastam 46% de forma secreta. Na Presidência, chegam a 95% as despesas sigilosas. No Brasil, no dia 13 de setembro, saiu uma notícia informando que a estatal “Vale espiona movimentos sociais, sindicatos e funcionários”, segundo denúncia feita ao Ministério Público por um ex-empregado. “O MST ainda é o principal alvo da segurança da Vale”, relata. A montagem do modelo de vigilância da Vale começou na ditadura militar, e isso já seria mais um motivo para aumentar a indignação da presidente. Contudo, a decisão de cancelar a viagem agendada a Washington demonstraria que falta equilíbrio para manter um diálogo com o opositor e sobra radicalismo para o enfrentamento de situações diplomáticas. E, radicalizando dessa forma com os EUA, arranhando a diplomacia brasileira, o que teria o Brasil a ganhar daqui para frente? 

Celso Pereira Lara

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