A dança das cadeiras para uma composição mais afinada
A reforma ministerial que a presidente teria a anunciar nos
próximos meses nada tem a ver com o atendimento à voz das ruas, muito menos com
a redução de ministérios. Pelo contrário, visa eliminar pequenas desavenças
existentes na composição da base do seu governo, do governo do PT. Que fique
bem claro que isso se deve às críticas que o governador de Pernambuco,
pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), tem feito ultimamente ao
governo federal, não só à política econômica, como também à forma que a
presidente insiste em governar o país. A relação de Eduardo com Dilma está
crivada de ironias, chegando ao limite do bom senso. Assim fica claro que o
objetivo da reforma ministerial não seria para contenção de despesas de custeio
através de corte de pastas. Seria, sim, uma retaliação ao adversário político
das próximas eleições, destituindo dos cargos os políticos do PSB que ocupam dois
ministérios. É o acerto da base aliada do governo, já previsto para início de
2014, visando uma coalizão mais “confiável” para uma possível reeleição da
presidente. Pela lógica, o PSB já deveria ter se retirado do governo por conta
própria e com bastante antecedência, entretanto o partido prefere continuar
apoiando um governo premiado por corrupção de todos os lados e continuar comendo
migalhas de banquete alheio, mostrando-se, assim, conivente com os acontecimentos
diários. Pelo visto, a vontade do partido seria aguardar o prazo determinado na
legislação eleitoral para desincompatibilização, mas possivelmente seria
defenestrado pelo governo petista bem antes do tempo. Não é à toa que o PSB não
cresce nas pesquisas. A sigla já está mais queimada do que carvão em final de
churrasco na laje, e não representa, portanto, nenhum risco de incêndio nas próximas
eleições. Resta saber, agora, qual partido seria indicado para ocupar as vagas.
Por outro lado, existiria também a grande possibilidade de uma negociação (acordo
de paz e de interesses) entre os partidos PT e PSB, impedindo que Campos se
lance candidato à Presidência, e evitando que no segundo turno ele desse apoio
à oposição. Bastaria apresentar uma proposta de se criar mais um ministério para o
PSB no próximo governo e tudo ficaria mais calmo, dentro dos planos do PT. Para
Campos, essa alternativa poderia ser muito bem-vinda, pois representaria uma
saída “honrosa” para a sua situação nas pesquisas, mas poderia provocar um racha
dentro do seu partido. Em política, nem tudo é previsível.
Celso Pereira Lara
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