De onde menos se espera é que não sai nada mesmo
O placar 5x5 no Supremo Tribunal Federal surpreendeu a
todos os brasileiros, inclusive os decanos! O que parecia ser tão simples acabou
virando uma salada mista. A expectativa deixada pelo STF ao povo brasileiro, na
última quinta-feira, em relação à quantidade dos votos dos ministros que acolheram
os embargos infringentes do julgamento do mensalão, passou a ser motivo de
preocupação da sociedade e do atual governo. Certamente que a preocupação de um
não é exatamente a preocupação do outro. Há um evidente antagonismo ideológico entre
governo e povo, quando na realidade não deveria existir, visto tratar-se de
governo democrático e tão anunciado pela presidente que "o povo tem o
direito de se manifestar e que a indignação é justa". Seguindo os
princípios lógicos, a presidente ao admitir que a indignação seja justa estaria
reconhecendo também que o governo vai de mal a pior, e as pesquisas estão aí
para comprovar. Não restam dúvidas de que a indignação por esse governo é
crescente em todos os sentidos, por causa dos acontecimentos diários (o caso
mais recente envolve o Ministério do Trabalho), e todos do governo têm ciência do
descrédito da população, mas nada se faz de concreto para aliviar a pressão
contra os brasileiros (ou estariam fomentando uma revolta popular?). Como quase
nada foi feito até agora, o argumento a ser apresentado seria o de que por
falta de tempo tudo se concretizaria no próximo mandato, inclusive porque em
2014 nada “mais” poderia será feito a não ser cuidar da prioritária campanha
eleitoral. A indignação do povo poderia crescer mais rapidamente, dependendo do
voto de desempate no Supremo na próxima quarta-feira, dia 18. Quanto à posição
do governo, pode-se afirmar que a diferença agora não é a mesma que existe
entre o céu e o inferno. Para ser mais preciso, o governo encontra-se neste
momento entre um inferno azul e um inferno vermelho, o que não deixa de ser um
inferno justo até demais. Se no dia 18 o voto decisivo for pela rejeição dos
embargos, o governo do PT sairia enfraquecido, moral e politicamente, pela
condenação dos 12 réus, dos quais alguns são petistas do alto escalão do
governo Lula, que sairiam direto para a prisão, e pela comprovação de que realmente
houve o esquema do mensalão na cúpula do governo (haveria desdobramentos?). Se
ocorrer o acolhimento dos embargos, os julgamentos poderiam se estender pelo
ano eleitoral, em prejuízo da campanha de reeleição, mesmo considerando a
possibilidade de redução das penas dos condenados. Portanto, a preocupação é
geral, tanto por parte do povo, quanto do governo do PT e do Supremo Tribunal
Federal, o qual também tem a sua credibilidade em julgamento. Alea jacta
est! 
Celso Pereira Lara     
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