Nada está tão ruim que não possa piorar
A tranquilidade da presidente durou até a metade do
período de seu mandato. Foi uma época sustentada pela alta popularidade e pela
inflação sob controle, com discursos de propaganda do governo em palanques de
candidatos petistas a Prefeituras, em 2012, enfim, um período muito festivo e
tudo parecia um lindo barco seguindo comodamente por águas serenas. Mas, a
partir de 2013, o cenário começou a mudar, com o pibinho aparecendo, a inflação
se mostrando fora de controle e os preços de alimentos tendo que ser
reajustados, inclusive as tarifas de transportes urbanos. Em junho, com as
manifestações de rua, o barco passou a seguir em águas turbulentas até hoje. A
popularidade despencou e o governo perdeu o rumo. Foram momentos de euforia,
que se transformaram em momentos de muita tensão. E por conta do próprio estilo
presidencial e da incrível incapacidade de conviver com o contraditório, a
crise política se acentuou no Planalto. A presidente tem um estilo dominador e
atitudes despóticas, de quem é dona da verdade, de quem não aceita opiniões
divergentes e que acredita realmente que está fazendo um bom governo. É uma
postura que tem irritado muita gente. O ano 2013 está sendo muito desgastante
para ela, principalmente quando se trata de entrevistas ou discursos. 
Em viagem ao exterior ela comentou que a "inflação
um pouco maior do que o previsto não seria assim algo tão desastroso, desde que
houvesse crescimento econômico". Os jornalistas que acompanhavam a
comitiva, obviamente, deram destaque à sua fala, que não pegou nada bem no
país. Inflação não combina com desenvolvimento. Alertada sobre a gafe e as repercussões, a presidente
dirigiu-se aos jornalistas, dedo em riste, e disse que não falou o que falou e
que suas reais palavras foram manipuladas, e saiu do recinto, furiosa, sem dar
nenhum direito aos profissionais da imprensa de explicar porque eles passaram
ao Brasil o que ouviram dela. Esse é realmente o estilo da presidente, que é
bastante acentuado com a pouca ajuda de seus auxiliares diretos. Na economia,
praticamente toda semana, o ministro Mantega diz coisas que não deveria e agora
nas relações exteriores uma espetacular confusão da diplomacia brasileira. A
fuga do senador boliviano evidenciou a fraqueza do ministro Patriota, há muito
questionado, que realmente permite uma quebra de hierarquia sem precedentes, já
que um de seus subordinados tomou a decisão suprema de tirar o senador da
embaixada na Bolívia e trazê-lo para o Brasil em carro oficial. O fato, por si
só grave, mostra certo desgoverno da presidente e também o seu destempero
diante de crises. A frase de efeito da presidente “Eu sei o que é o DOI-Codi e asseguro
a vocês: é tão distante o DOI-Codi da embaixada brasileira em La Paz como é
distante o céu do inferno” acaba revelando muito mais do que uma simples crise
diplomática com o país vizinho. Segundo Evo Morales, presidente da Bolívia, o
senador Roger Pinto Molina não é um "perseguido político", mas um
"delinquente" que tem processos pendentes na Bolívia. Entretanto, ele
afirmou que o incidente com o Brasil vai ser resolvido.
Por último, em Campinas (SP), a presidente inverteu
discursos e se confundiu ao citar programas federais logo no primeiro minuto de
fala em público. Ela introduziu o tema educação, quando o previsto era comentar
o “Minha Casa, Minha Vida”. Para contornar a confusão, ela acabou invertendo
ainda os nomes dos programas “Bolsa Família” e Pronatec. Foram gafes em
sequência, em dois minutos.
Percebe-se pelas imagens de TV e fotografias de jornais
que a presidente se apresenta cansada, até mesmo estressada, pelo acúmulo de
problemas de difícil solução: popularidade em baixa; movimentos reivindicatórios
pelas ruas; questionamentos quanto à ilegalidade da contratação de médicos
cubanos para trabalhar no Brasil; dólar ameaçando subir; o PIB, que ainda não
decolou, continua em "voo de galinha"; o preço da gasolina travado e causando prejuízos à Petrobrás.
Possivelmente, a tendência é piorar de vez, a qualquer momento, tanto política
quanto economicamente.  Em função desse
desgoverno, a presidente tem ido quase semanalmente a São Paulo para
encontrar-se com Lula e buscar orientações. O interessante nesse caso é que o
gabinete presidencial parece estar em São Paulo. Se Lula fosse ao gabinete, em
Brasília, pouparia a presidente de passar por mais essa gafe! 
Celso Pereira Lara 
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