Tudo se resume em promessas
Durante as manifestações de protestos, no mês
de junho, a presidente se apresentou, em cadeia nacional, ao povo brasileiro,
propondo soluções mirabolantes para atender à voz das ruas, que até hoje não se
concretizaram. A primeira foi a polêmica proposta de convocação de uma
Assembleia Nacional Constituinte exclusiva, que trataria da reforma política,
através de um plebiscito. Depois de muitas discussões no Congresso e no meio
jurídico, concluíram que seria impossível a convocação de uma constituinte
exclusiva, pois não caberia ao Executivo, mas sim ao Legislativo essa
iniciativa. Da mesma forma, o plebiscito foi indeferido pelo TSE, porque não
haveria tempo hábil para que as decisões fossem sugeridas e aprovadas para
valerem no prazo de um ano antes da eleição, como manda a Constituição. E este
prazo é entendido como uma cláusula pétrea, que não pode ser alterado. O
programa “Mais Médicos”, criado em julho por Medida Provisória, tem o objetivo de aumentar o
número de médicos atuantes na rede pública de saúde em regiões carentes, e
permite a vinda de profissionais estrangeiros ou de brasileiros que se formaram
no exterior. A iniciativa de
importar médicos cubanos provocou indignação na classe médica, que foi para as
ruas das grandes cidades com faixas e cartazes contra a medida. A classe provou
que o problema não está na quantidade de profissionais, mas sim nas precárias
condições em que se encontram os hospitais públicos, sucateados na realidade.
Além disso, e gravíssimo, estava clara a tentativa de trazer os médicos cubanos
sem que precisassem revalidar seus diplomas. O governo recua da importação e,
para não se declarar derrotado, apresenta outra proposta que se revela
inconstitucional: aumentar em dois anos o curso de Medicina para que os alunos
fizessem um estágio obrigatório como médicos do SUS. Inconformado, novamente,
com a derrota, o governo apresenta outra proposta que demonstra interferência
do Estado nas decisões individuais dos futuros médicos: que o primeiro ano de residência seja obrigatoriamente
cumprido no atendimento de atenção básica e no serviço de urgência e emergência
do SUS. Por acaso é assim mesmo que funciona um governo democrático? Para
mostrar serviço ao povo, anunciou a contenção de gastos com o corte de 15
bilhões no orçamento, mas a contenção refere-se a despesas futuras! Quanto aos
39 ministérios, que mais parecem um conjunto habitacional "Minha Casa
Minha Vida", apesar de muito criticado pela sociedade, a presidente já
anunciou que eles são imprescindíveis, por isso são intocáveis. Ela sabe que em
vespeiro não se mexe. A população está esperando até agora a redução do preço
da carne, tão prometida pela presidente em cadeia nacional, ano passado, quando
ainda em alto astral. A transposição do Rio São Francisco, que foi um fiasco no
governo Lula - muitos milhões desviados -, ainda continua viva apenas como
promessa de campanha. Aquilo é uma fábrica de votos e um grande motivo para
desvio de verbas públicas. Deixa quieto. De concreto mesmo só as Arenas da
Copa.
Celso
Pereira Lara
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