Para que servem tantos partidos políticos?
A pluralidade
partidária faz parte da democracia brasileira. São trinta legendas ativas,
registradas no TSE. Trata-se de um verdadeiro emaranhado de siglas e
nomenclaturas que, em sua maioria, são desconhecidas pelo eleitorado
brasileiro. São muitos os partidos sem expressão política, sem vida útil, considerados
“nanicos” e parasitas na esfera pública, que se prestam apenas a fazer
coligações para sobreviverem. Eles não apresentam seus candidatos à Presidência
da República, mas preferem fazer alianças com partidos grandes, para eleger um
presidente e garantir a sua existência nos banquetes do governo. Por isso, são classificados,
também, como partidos de aluguel. Os partidos raquíticos que não formaram
aliança nas eleições, mas conseguiram eleger deputados ou senadores, têm
grandes possibilidades de serem convidados pelo governo a integrar a base aliada
e conseguir maioria para aprovação de seus projetos no Congresso. Atualmente, a
base do governo congrega 22 partidos. É notório que muitas dessas facções são criadas
por familiares, formando verdadeiros clãs, cujos indivíduos ocupam os cargos
mais altos na hierarquia, tornando-se políticos profissionais com reduzida experiência
e recebendo salários. Essa descomunal variedade partidária seria de fato
interessante ao nosso processo democrático? Ou ela só serve de moeda para o
comércio de interesses de grupos que visam o poder? A multiplicidade de ideias
e ideologias só serve para confundir os eleitores. Nem tanto, nem tão pouco! O
entendimento de que a exclusão dos partidos “nanicos” seria uma medida
ditatorial poderia ser minimizado, se houvesse a proibição de alianças no
primeiro turno das eleições. Isso seria possível na reforma política, mas não é
conveniente aos legisladores. Esses partidos de terceira dimensão arrastam-se
por longos anos, sobrevivendo do recebimento de dinheiro público do Fundo Partidário.
Apesar dessa infinidade de agremiações, tudo se resume em dois grandes blocos:
PT/PSDB e PMDB/PSB. A
grande quantidade de siglas, ainda existentes, se deve à nova Constituição de 1988, que permitiu
ampla liberdade de organização partidária. Em poucos anos 70 partidos
registraram suas siglas, sendo a maioria deles de vida efêmera. Isso vem
comprovar que o eleitor brasileiro não criou a devida identificação com a
agremiação que mais representasse os seus interesses. O eleitorado continua, portanto, a
acreditar muito mais em nomes do que em partidos, muito mais em carisma pessoal
do que em instituições fortes. Partidos que sustentam ideologias
revolucionárias antiburguesas, tão logo eles conquistem postos no Executivo ou
no Legislativo, passam a viver o dilema natural da política: da integração à
ordem burguesa que criticam. Agindo assim, frustram as expectativas do
eleitorado. E isso acontece com os partidos grandes e pequenos, sem exceção. É
normal a traição política, pois não vai acontecer nenhum tipo de punição ao
partido, para infelicidade do povo. No período de
propaganda eleitoral, os micropartidos se oferecem, generosamente, para compor aliança
com o partido que tem maior potencial de conquistar o Planalto. Exemplo disso aconteceu
na última eleição para Presidente da República, cuja candidata foi eleita com o
apoio de dez partidos. Entretanto, para as próximas eleições, dificilmente o PT
conseguiria a mesma quantidade de aliados, pois a atual conjuntura se apresenta
totalmente diversa da de 2010. Então, a traição que antes aconteceu com os eleitores,
poderá ocorrer com o próprio governo. Também faz parte da política. Quanto a
isso, não há contraponto. 
Celso
Pereira Lara 
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