Vão-se os anéis, ficam os dedos
Apreensão sempre existe, quando o governo
decide recuar de suas decisões bem pensadas, alegando atender a voz das ruas.
E, por enquanto, foram ínfimas as decisões definitivamente recuadas e as
reivindicações, de fato, atendidas. Não bastasse isso, vemos agora outro
episódio marcante, desta vez, sob a regência do Partido dos Trabalhadores, o
mesmo que comanda o Planalto. Com intenção idêntica à do governo, parece até
combinado (!), o PT tomou uma decisão inédita, excluindo três nomes que
concorreriam ao Diretório Nacional do partido: o ex-ministro a Casa Civil, José
Dirceu, e os deputados federais José Genoíno e João Paulo Cunha. Lembrando que,
bem antes, em ato de revide ao STF, o partido afrontava a própria democracia,
por não atender ao poder judiciário pela condenação dos mensaleiros, ao permitir
o exercício da atividade política dos três condenados junto à cúpula da facção.
Se fosse realmente um partido sério, no mínimo, haveria motivos para expulsão
deles no momento imediato das condenações, em nome da ética política,
considerando que o atual governo é do PT. Entretanto, agora, no auge da falta
de credibilidade da governança, também alegando atender a voz das ruas, votaram
pela exclusão dos três queridos e fortes candidatos desde sempre. Isso sugere mais
uma manobra sinistra, não! Afinal, qual a real intenção disso? Seria para passar
a ideia de que o PT está com o povo e que a voz das ruas tem poder? Dessa
forma, estaria mostrando à população que a intenção é fazer uma
"faxina" no partido (e no governo!), livrando-se da parte podre: algumas
sujeiras que ainda estão incomodando os brasileiros. O PT convive com uma
controvérsia desde que saiu o julgamento do mensalão. Uma ala defende que eles
são inocentes e que tudo não passou de uma perseguição política, tramada pela
direita, a mídia e a sociedade conservadora. O fato de excluí-los da direção do
partido significaria uma confissão de culpa, uma declaração de que o STF
estaria certo em seus julgamentos condenatórios. Outra ala defende que agindo
assim estaria ouvindo a voz das ruas, pois a população está pedindo mais ética
na política, e não seria coerente que os três se lançassem candidatos para
2014. Além do mais, já está previsto para meados de agosto o começo dos
julgamentos dos recursos apresentados por advogados de defesa dos réus do
mensalão e, se as condenações forem mantidas, todos podem ser presos. Enfim, tudo
sugere que se trata mesmo de uma estratégia política, visando reconquistar a
confiança do eleitorado e dar continuidade à dominação do poder central. Por
outro lado, não sem motivos, o índice de popularidade do ex-presidente, que
chegou a atingir 84% em 2009, hoje registra 39%. E o da presidente, 30%. Parece
que aí reside a verdadeira causa da “faxina”. Resta saber se isso será
suficiente! 
Celso
Pereira Lara 
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