terça-feira, 23 de julho de 2013

236-Diretório Nacional do PT

Vão-se os anéis, ficam os dedos

Apreensão sempre existe, quando o governo decide recuar de suas decisões bem pensadas, alegando atender a voz das ruas. E, por enquanto, foram ínfimas as decisões definitivamente recuadas e as reivindicações, de fato, atendidas. Não bastasse isso, vemos agora outro episódio marcante, desta vez, sob a regência do Partido dos Trabalhadores, o mesmo que comanda o Planalto. Com intenção idêntica à do governo, parece até combinado (!), o PT tomou uma decisão inédita, excluindo três nomes que concorreriam ao Diretório Nacional do partido: o ex-ministro a Casa Civil, José Dirceu, e os deputados federais José Genoíno e João Paulo Cunha. Lembrando que, bem antes, em ato de revide ao STF, o partido afrontava a própria democracia, por não atender ao poder judiciário pela condenação dos mensaleiros, ao permitir o exercício da atividade política dos três condenados junto à cúpula da facção. Se fosse realmente um partido sério, no mínimo, haveria motivos para expulsão deles no momento imediato das condenações, em nome da ética política, considerando que o atual governo é do PT. Entretanto, agora, no auge da falta de credibilidade da governança, também alegando atender a voz das ruas, votaram pela exclusão dos três queridos e fortes candidatos desde sempre. Isso sugere mais uma manobra sinistra, não! Afinal, qual a real intenção disso? Seria para passar a ideia de que o PT está com o povo e que a voz das ruas tem poder? Dessa forma, estaria mostrando à população que a intenção é fazer uma "faxina" no partido (e no governo!), livrando-se da parte podre: algumas sujeiras que ainda estão incomodando os brasileiros. O PT convive com uma controvérsia desde que saiu o julgamento do mensalão. Uma ala defende que eles são inocentes e que tudo não passou de uma perseguição política, tramada pela direita, a mídia e a sociedade conservadora. O fato de excluí-los da direção do partido significaria uma confissão de culpa, uma declaração de que o STF estaria certo em seus julgamentos condenatórios. Outra ala defende que agindo assim estaria ouvindo a voz das ruas, pois a população está pedindo mais ética na política, e não seria coerente que os três se lançassem candidatos para 2014. Além do mais, já está previsto para meados de agosto o começo dos julgamentos dos recursos apresentados por advogados de defesa dos réus do mensalão e, se as condenações forem mantidas, todos podem ser presos. Enfim, tudo sugere que se trata mesmo de uma estratégia política, visando reconquistar a confiança do eleitorado e dar continuidade à dominação do poder central. Por outro lado, não sem motivos, o índice de popularidade do ex-presidente, que chegou a atingir 84% em 2009, hoje registra 39%. E o da presidente, 30%. Parece que aí reside a verdadeira causa da “faxina”. Resta saber se isso será suficiente! 

Celso Pereira Lara 

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