Somos nós os verdadeiros ativistas das ruas: os
inconformados com os desmandos governamentais
As manifestações de protestos que tiveram o
seu ponto alto no mês de junho, embora carregassem, inicialmente, no bojo de
suas causas a impressão de que seriam somente pelos 0,20, ganharam contornos de
uma explosão de insatisfações acumuladas ao longo desses dez anos de governo. O
governo do PT que fazia oposição a tudo, mas, quando assumiu a presidência, fez
acordos com o PMDB e deu prosseguimento aos seus projetos de reforma da
previdência, entre outros; fez acordos com seus maiores rivais: Collor, Sarney
e Maluf. Em nome da governabilidade, formou a maior base aliada do mundo, e
mesmo assim foram emitidas centenas de Medidas Provisórias. Envolvimentos em
escândalos de corrupção e desvios de recursos públicos, muitos deles ligados ao
centro do poder; os julgamentos do mensalão não tiveram o resultado esperado
pelo povo; políticos condenados voltam a ocupar cargos na Câmara e no Senado; aprovação
inicial de PECs visivelmente inconstitucionais, que afrontam a democracia e
colocam em risco o verdadeiro Estado Democrático de Direito: PEC 33 e PEC 37;
diversas áreas comprometidas, como Saúde, Educação, Transporte, Segurança
Pública e muitas estradas esburacadas, por onde escoa a produção; projetos
prometidos e não cumpridos; a rechaçada contratação de seis mil médicos cubanos; a inaceitável formação de uma constituinte para a reforma política; os voos a passeio com familiares nos aviões da FAB; enfim, a conjuntura político-econômica fora de
controle governamental, são fatores que levaram a população a engrossar os
protestos. É notório que o governo preocupou-se somente com o que lhe trás
garantia de votos: os projetos de bolsas. E na mesma esteira o Minha Casa Minha
Vida, sendo que este não é nenhuma benesse; é dever de Estado dar
prosseguimento à construção de casas populares, como política habitacional,
visando diminuir as injustiças. Nessa panorâmica, fica a pergunta: o que o
governo do PT fez de bom, ao longo desses dez anos, a não ser ficar envolvido
em escândalos e praticar a transferência de renda para os beneficiários das
dezenas de projetos-bolsa? Acrescente-se que um dos motivos dos protestos foi a
construção de várias Arenas, em vários estados, para a Copa das Confederações,
cujos recursos saíram dos cofres públicos e, segundo a presidente, seriam
reembolsados pelas construtoras, em forma de financiamento pelo BNDES. Uma
delas é a empresa OGX, de Eike Batista, que atualmente se apresenta em
queda no mercado de ações, segundo a CVM. O jornal 'Financial Times' questiona:
é o começo do fim do império de Eike Batista? Ou seja, seria mais um prejuízo contabilizado
aos cofres públicos? Os ativistas das ruas somos nós: eu, você e os milhões de
brasileiros inconformados com o estado de coisas que impera neste governo,
desde que assumiu a presidência. Não há necessidade de se buscar as origens dos
protestos nem de seus legítimos comandantes, quando na realidade as razões estão
à vista de todos. Basta querer enxergar!
Celso
Pereira Lara
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