sexta-feira, 5 de julho de 2013

230-Somos coniventes

 Se a situação do governo chegou até aqui, é porque foi com a nossa permissão  

Não sou partidário nem tenho simpatia por nenhum partido político, porque sempre percebi que a prevalência de interesses próprios, no Congresso, era a meta dos políticos. O entendimento de que os legítimos representantes do povo estão na Câmara e no Senado é uma ficção, uma falácia, porque depois de eleitos suas preocupações passam a ser outras e os eleitores ficam para as próximas eleições. A representatividade do povo é, portanto, nula. Eles aprovam projetos de interesse do governo, ainda que o povo se manifeste contrariamente. O que vale é estar ao lado do governo, fortalecendo o seu prestígio. Isso é desanimador e frustrante para as pessoas esclarecidas. Por outro lado, existe a manutenção de expressivo número de pessoas, pouco esclarecidas, forçadas a acreditar que estão recebendo uma grande benesse através de programas como o “bolsa família”, quando na realidade esses programas são administrados na pobreza, onde elas não tem acesso aos recursos civis da nação, ao mesmo tempo em que confiam e elegem seus verdugos exploradores. Esses beneficiários jamais terão acesso à educação de qualidade, porque não há o menor interesse nesse sentido por parte dos governantes. Todos sabem que a educação é uma forma democrática de prover informação, fazendo com que populações ingênuas possam aspirar legitimamente seus direitos de cidadãos, evitando assim a propagação de gestores corruptos que impedem o desenvolvimento geral do país. Se na área de Saúde os atendimentos médico-hospitalares estão precários; se na área de Educação os professores são mal pagos e as escolas sucateadas; se na área de Segurança a população convive com todo tipo de violência e criminalidade; se na área de Transportes Urbanos o povo sofre com a qualidade dos serviços, é porque tudo isso é do interesse dos governantes. Quanto mais a população ficar dependente, mais fortalecido fica o Estado. Isso faz parte da política. Mas faz parte da política maldosa, maquiavélica, porque para governar o Brasil não haveria necessidade de uma política desse tipo. O País arrecada muito em impostos. Basta administrar bem e com honestidade. Neste momento, o povo não está pedindo reforma política e sim reforma dos políticos. Cabe agora aos que detém um sentido político de observação refletir sobre a parcela de responsabilidade na situação que ora vivemos. Apesar de repudiarmos a corrupção, fomos até então negligentes com a presença dela. A tolerância transcendeu os limites do suportável, deixando a impressão de conivência com esse estado de coisas. 

Celso Pereira Lara

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