Se a situação do governo chegou até aqui, é porque foi
com a nossa permissão  
Não sou partidário nem tenho simpatia por
nenhum partido político, porque sempre percebi que a prevalência de interesses
próprios, no Congresso, era a meta dos políticos. O entendimento de que os legítimos
representantes do povo estão na Câmara e no Senado é uma ficção, uma falácia,
porque depois de eleitos suas preocupações passam a ser outras e os eleitores
ficam para as próximas eleições. A representatividade do povo é,
portanto, nula. Eles aprovam projetos de interesse do governo, ainda que o povo
se manifeste contrariamente. O que vale é estar ao lado do governo,
fortalecendo o seu prestígio. Isso é desanimador e frustrante para as pessoas
esclarecidas. Por outro lado, existe a manutenção de expressivo número de
pessoas, pouco esclarecidas, forçadas a acreditar que estão recebendo uma
grande benesse através de programas como o “bolsa família”, quando na realidade
esses programas são administrados na pobreza, onde elas não tem acesso aos
recursos civis da nação, ao mesmo tempo em que confiam e elegem seus verdugos
exploradores. Esses beneficiários jamais terão acesso à educação de qualidade,
porque não há o menor interesse nesse sentido por parte dos governantes. Todos
sabem que a educação é uma forma democrática de prover informação, fazendo com
que populações ingênuas possam aspirar legitimamente seus direitos de cidadãos,
evitando assim a propagação de gestores corruptos que impedem o desenvolvimento
geral do país. Se na área de Saúde os atendimentos médico-hospitalares estão
precários; se na área de Educação os professores são mal pagos e as escolas
sucateadas; se na área de Segurança a população convive com todo tipo de
violência e criminalidade; se na área de Transportes Urbanos o povo sofre com a
qualidade dos serviços, é porque tudo isso é do interesse dos governantes.
Quanto mais a população ficar dependente, mais fortalecido fica o Estado. Isso
faz parte da política. Mas faz parte da política maldosa, maquiavélica, porque
para governar o Brasil não haveria necessidade de uma política desse tipo. O
País arrecada muito em impostos. Basta administrar bem e com honestidade. Neste
momento, o povo não está pedindo reforma política e sim reforma dos políticos.
Cabe agora aos que detém um sentido político de observação refletir sobre a
parcela de responsabilidade na situação que ora vivemos. Apesar de repudiarmos
a corrupção, fomos até então negligentes com a presença dela. A tolerância
transcendeu os limites do suportável, deixando a impressão de conivência com
esse estado de coisas. 
Celso Pereira Lara
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