A
possibilidade de o Congresso Nacional vir a se tornar uma instância acima do
Supremo ainda existe
A mesma unanimidade que aprovaria a PEC 37/2011,
cuja votação era prevista, impreterivelmente, para o dia 26 de junho, se viu
obrigada a votar, devido à antecipação do feito para 25, desta vez pela sua
rejeição, sob forte pressão do povo nas ruas. Morreu, portanto, uma das PECs de
caráter fascista. Coisas de política. A outra, a PEC 33/2011, conhecida como a
PEC da Submissão do Judiciário, é uma proposta que tem como objetivo dar poder
de veto ao Congresso Nacional sobre o controle da constitucionalidade das
normas legais e sobre as súmulas vinculantes, e conta também com a mesma
unanimidade para a sua aprovação. Isso, na prática, se traduz em uma amordaça
ao STF e o transforma em mero vassalo do Congresso. Em síntese, ela representa
um golpe à democracia. Não obstante, apesar de ser uma grave ameaça ao Estado
Democrático de Direito, ela ainda permanece na expectativa de uma boa
oportunidade para entrar em cena. Para ganhar validade, a PEC 33 teria ainda um
longo caminho a percorrer. Atualmente, ela está aguardando a criação de uma
Comissão Temporária na Mesa Diretora da Câmara, para avaliá-la e, se aprovada,
o texto seguiria para votação, em dois turnos, no plenário da Câmara. Caso seja
confirmada, ainda teria que passar por debate no Senado. Mas, por ser de
interesse da Casa, os parlamentares saberiam passar de fase, bem rapidinho. Lembrando
que, durante as manifestações populares, ocorridas em junho, a PEC 33 também
fazia parte das reivindicações, juntamente com a PEC 37, ainda que com pouca
visibilidade. Por que, então, a PEC 33 ainda não foi votada pela sua rejeição?
Possivelmente, como não houve mais cobrança da população, devem estar esperando
um melhor momento, como sempre, para colocá-la em votação de urgência e
aprová-la a toque de caixa. E ela não poderia ficar engavetada por muito tempo,
sabido que, uma vez aprovada, ela passaria a representar muito para os interesses
dos políticos. A rejeição unânime e imediata da PEC 37, aquela que mais
aparecia nos cartazes dos manifestantes, deixou transparecer que, assim agindo,
os estudantes ficariam mais calmos e esqueceriam a outra PEC. O que de fato parece
ter acontecido. Para o bem da democracia, a PEC 33 não deveria continuar
blindada. Para isso, os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira,
comprometidos com a verdadeira democracia, precisariam acordar e reagir, antes
que o pesadelo totalitário se eternize. E teria que ser urgente, aproveitando esse
descontrole político, no qual o governo se encontra fragilizado, sem bússola, e
a sua base acuada, dispersa, sem contar que a corda, entre ambos, está esticada
ao extremo. 
Celso
Pereira Lara
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