segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

147-Liberação de contrabando

Quem deveria combater o crime de contrabando 
acaba facilitando a venda desses produtos
  
Não é à toa que em São Paulo, na Rua 25 de Março, existe o maior comércio de produtos falsificados: é o Shopping 25.  São milhares de lojas vendendo roupas, óculos, relógios, tênis, bolsas e outros produtos falsificados e contrabandeados, que crescem de maneira espantosa, aos olhos das autoridades fiscalizadoras. Um tipo de comércio ilegal que chega a movimentar alguns bilhões de reais. A população que gosta de levar vantagem em tudo, já tem até ônibus especial à sua disposição para levar até lá e voltar com as suas compras replicadas e bem baratinhas, sem impostos, sem notas fiscais e sem garantia de conserto. Na realidade, as mercadorias encomendadas e compradas naquele mercado são repassadas a preços maiores para fregueses de outros estados, em forma de corrente da vantagem ou da ganância pelo lucro a qualquer custo. Mas esquecem-se ou não sabem que estão indiretamente alimentando um mercado oculto liderado pelo crime organizado e este sim trabalha com outros crimes de maior potencial ofensivo, que é o tráfico de drogas, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil e a corrupção de agentes públicos. Como pode ter prosperado tanto e chegado a essa proporção o comércio desses produtos naquele mercado?Recentemente, chega aos noticiários que policiais são acusados de cobrar propina para liberar contrabando. Em depoimento à Justiça, agentes e um funcionário administrativo da Polícia Federal explicaram como agiam na ilegalidade para liberar produtos falsificados e contrabandeados na maior área de comércio popular do Brasil: a Rua 25 de Março, em São Paulo. E foram os próprios policiais federais que procuraram um representante dos comerciantes para negociar os valores altos em dinheiro. “A corrupção era feita, curto e grosso. Dividia eu, o Mauro Sabatino, o Alcides, Dr. Adolpho e Dr. Sabadin”, conta Paulo Marcos Dal Chicco. Ou seja, a propina era dividida entre dois delegados em chefia e três agentes, todos da Polícia Federal. "O Ministério Público acusa os delegados em chefia dos crimes de corrupção, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha". "Segundo o agente Alcides Andreoni Júnior, em abril de 2009, o grupo fez mais um acordo. Desta vez, com o dono de uma loja na Rua Santa Ifigênia".
É o registro de mais um episódio lamentável, principalmente por se tratar de envolvimento de um departamento de polícia de suma importância para a nação, considerando as suas especificidades como guardião das nossas fronteiras. Por outro lado, o mais importante é que a intervenção contra esse crime de suborno foi feita pela própria Polícia Federal, que culminou com a prisão dos policiais envolvidos no esquema e abertura de inquérito administrativo para apuração de responsabilidades.

Celso Pereira Lara

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