Quem deveria combater o crime de
contrabando 
acaba facilitando a venda desses produtos
acaba facilitando a venda desses produtos
Não é à toa que em São Paulo, na Rua 25 de Março, existe
o maior comércio de produtos falsificados: é o Shopping 25.  São milhares de lojas vendendo roupas,
óculos, relógios, tênis, bolsas e outros produtos falsificados e
contrabandeados, que crescem de maneira espantosa, aos olhos das autoridades
fiscalizadoras. Um tipo de comércio ilegal que chega a movimentar alguns bilhões
de reais. A população que gosta de levar vantagem em tudo, já tem até ônibus
especial à sua disposição para levar até lá e voltar com as suas compras
replicadas e bem baratinhas, sem impostos, sem notas fiscais e sem garantia de
conserto. Na realidade, as mercadorias encomendadas e compradas naquele mercado
são repassadas a preços maiores para fregueses de outros estados, em forma de
corrente da vantagem ou da ganância pelo lucro a qualquer custo. Mas
esquecem-se ou não sabem que estão indiretamente alimentando um mercado oculto liderado
pelo crime organizado e este sim trabalha com outros crimes de maior potencial
ofensivo, que é o tráfico de drogas, tráfico de pessoas, trabalho escravo,
trabalho infantil e a corrupção de agentes públicos. Como pode ter prosperado
tanto e chegado a essa proporção o comércio desses produtos naquele mercado?Recentemente, chega aos noticiários que policiais são
acusados de cobrar propina para liberar contrabando. Em depoimento à Justiça,
agentes e um funcionário administrativo da Polícia Federal explicaram como
agiam na ilegalidade para liberar produtos falsificados e contrabandeados na
maior área de comércio popular do Brasil: a Rua 25 de Março, em São Paulo. E
foram os próprios policiais federais que procuraram um representante dos comerciantes
para negociar os valores altos em dinheiro. “A corrupção era feita, curto e
grosso. Dividia eu, o Mauro Sabatino, o Alcides, Dr. Adolpho e Dr. Sabadin”,
conta Paulo Marcos Dal Chicco. Ou seja, a propina era dividida entre dois delegados em chefia e três agentes, todos da Polícia Federal. "O Ministério Público acusa os delegados em chefia dos
crimes de corrupção, violação de sigilo funcional e formação de
quadrilha". "Segundo o agente Alcides Andreoni Júnior, em abril de
2009, o grupo fez mais um acordo. Desta vez, com o dono de uma loja na Rua
Santa Ifigênia".
É o registro de mais um episódio lamentável,
principalmente por se tratar de envolvimento de um departamento de polícia de
suma importância para a nação, considerando as suas especificidades como
guardião das nossas fronteiras. Por outro lado, o mais importante é que a intervenção
contra esse crime de suborno foi feita pela própria Polícia Federal, que
culminou com a prisão dos policiais envolvidos no esquema e abertura de
inquérito administrativo para apuração de responsabilidades.
Celso Pereira Lara
Celso Pereira Lara