A
criminalidade atingiu proporções insustentáveis em muitas cidades do país, mas
os governantes, tão preocupados com as suas carreiras políticas, não percebem a
gravidade da situação. Só fingem perceber quando há manifestações de rua.
Prende em nome da
lei, solta em nome da lei. Parece brincadeira de gato e rato, mas, na
realidade, é assim que funciona o sistema protetor da sociedade no Brasil. O
desgaste moral que as Polícias vêm sofrendo, ultimamente, não é por acaso,
porque é fruto de um tratamento político que visa o sucateamento das
instituições públicas em todas as esferas. Tal fato incentiva os fora da lei a
cometer cada vez mais crimes, com a certeza da impunidade, inclusive a desafiar
as autoridades policiais com pichações em seus veículos de serviço. Uma
petulância! Hoje é pichação. E amanhã?
Sabemos que enfrentar
a criminalidade é um trabalho desgastante para os policiais que, no cumprimento
de seu dever, prendem por várias vezes o mesmo delinquente. Há casos de vinte
ou mais registros em nome do mesmo infrator. Dessa forma, as dificuldades no
policiamento só têm aumentado, e todos nos tornamos vítimas das circunstâncias.
O crescimento da criminalidade é produto dessa discrepância das penalidades, e,
em consequência, os taxistas já viraram alvo dos bandidos. São diversos
assaltos ocorridos diariamente nessa classe de trabalhadores, fazendo com que o
serviço ao final do dia termine de forma estressante, devido ao clima de
insegurança e medo. 
O mesmo ocorre com os
estabelecimentos comerciais, que após diversos assaltos apelam para os sistemas
de câmeras digitais, para ao menos filmar os ladrões, mas não os impedem de
praticar os delitos. 
Os jornais noticiam
que em São Paulo o crescimento do número de assaltos chega a 35%, atingindo uma
média de 37 roubos por hora. E nas outras grandes capitais a situação não é tão
diferente. As pessoas vivem acuadas em suas casas, protegidas por grades,
câmeras e cães adestrados, como forma de segurança, entretanto, ao saírem às
ruas, encontram-se totalmente inseguras. Convém dizer que dentro de suas casas
a sensação de segurança é apenas simbólica, porque na prática, quando os
criminosos visam um alvo, não há impedimento para a execução do assalto. 
Até nas cidades
interioranas já há registros de aumento da escalada da violência. Portanto,
Juiz de Fora não está sozinha, levando em conta que o país inteiro padece desse
mal, e não dá para vislumbrar melhorias na segurança pública, no curto prazo,
pelo menos enquanto as leis estiverem desatualizadas. 
O Brasil não chega a
ser comparado a uma terra sem lei, mas pelo andar da carruagem tudo indica que
está caminhando para lá. É uma questão de tempo. Infelizmente, temos que levar
a vida contando com a própria sorte, até o dia em que os titulares dos poderes
constituídos deixarem de olhar somente para si e se comprometerem a legislar a
favor da dignidade do povo.
Celso Pereira Lara
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