sexta-feira, 25 de julho de 2014

365-O perigo do clima de campanha-II

 Com os gritantes acontecimentos pós-Copa, a onda de negativismo contra o governo cresce a todo instante. Prometer que irá corrigir tudo, se reeleita, não convence a ninguém.

A economia brasileira caminha tropeçando rumo a 2015, ano cujas previsões dos grandes mestres indicam que não será nada bom para o Brasil, independente de quem seja o novo presidente. Arrocho salarial aos funcionários públicos seria a primeira providência. Mas por que não reduzir à metade, primeiramente, os 39 ministérios, e não acabar com milhares de cargos de confiança sem concurso público, produto do aparelhamento?
O PIB e a inflação estão sempre caminhando em evidente antagonismo, naturalmente, desde que a taxa do PIB seja a mais alta. A que deveria ser alta, por representar o crescimento da economia do país, encontra-se há bastante tempo no menor patamar. Daí ter surgido o termo pibinho, pois o crescimento quando não está estabilizado é cada vez menor. Ao contrário, a taxa de inflação encontra-se num patamar elevado, dando a entender que é possível subir ainda um pouco mais. São dados importantes que certamente se refletirão negativamente para o atual governo, nas campanhas eleitorais em curso.
Dentro do próprio governo, a previsão para este ano é de crescimento menor que 2% e uma inflação acima de 6%. Se a economia vai mal, as instituições também seguem comprometidas e não escapam de temas em palanques. Nesse contexto, a nova classe média que foi promovida por uma falsa bolha volta a ocupar o seu lugar primitivo: a classe pobre. E quando a crise econômica interfere cada vez mais na elevação dos preços, os primeiros sintomas ocorrem no bolso da população menos favorecida, e, com a proximidade das eleições, a tendência é acontecer uma resposta inesperada na hora de decidir o voto. Lembrando que quem define as eleições é a classe média.
No bojo dos recentes acontecimentos, o Brasil foi chamado de "anão diplomático" pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, ao comentar a decisão brasileira de chamar o embaixador para consultas por conta da escalada de violência na Faixa de Gaza. O governo brasileiro disse que ação de Israel em Gaza é desproporcional. O porta-voz de Israel reage e afirma que desproporcional é 7 a 1. É notório que a percepção internacional sobre o país piorou muito nos últimos anos, e será necessário um bom tempo para recuperar a credibilidade.
Outro fato no campo da diplomacia transformou-se em combustível para comentários políticos na mídia: a hospedagem de um tirano na Granja do Torto. É que a presidente, seguindo a prática sorrateira do petismo, recebeu o ditador cubano Raúl Castro, oferecendo um tratamento diferenciado. Afinal, é o irmão do todo poderoso Fidel Castro, a quem o PT presta reverências mil.
O jantar contou com a presença do novo líder venezuelano, Nicolás Maduro. O motivo das conversas possivelmente não devia estar na agenda, mas segundo a presidente foi um encontro marcado pelas "relações diplomáticas de alto nível", e não pode ser tratado como "preconceito". "Brasil estava apenas sendo cordial, adotando a prática da reciprocidade". Pergunta-se: que tipo de reciprocidade os brasileiros mais céticos poderiam esperar de Cuba ou da Venezuela?
Não por coincidência, tal fato se deu nesse período de campanha eleitoral, que já começou na segunda semana de julho, mas até o momento o governo ainda não se animou a esquentá-la. Com mais este fato político, ocorrido de surpresa e com diálogos sussurrados, a campanha tende a esquentar daqui para frente nos palanques da oposição.


Celso Pereira Lara

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