Se existe uma oportunidade para o povo mostrar a
sua indignação com os gastos bilionários na construção das arenas da Copa, o
dia 12 de junho será o momento. Em 5 de outubro, será a confirmação.
Faltam apenas 15 dias para a tão esperada festa prometida pelo governo
federal, e o tempo é curto demais para reverter o quadro sombrio que se desenha
nas redes sociais da internet. O clima de insatisfação é demonstrado através de
depoimentos gravados em vídeos, em publicações jornalísticas, editoriais e
blogs. 
Realmente não dá para continuar dentro de um mundinho, da mesma forma
que um ovo galado. Senão, seremos cobrados pela dor de consciência e pelo
arrependimento de não ter feito nada, ao menos ter participado desse processo
crescente de indignação contra a Copa. É preciso romper o silêncio dos indiferentes,
tal qual a ave quebra o seu ovo e se descobre para o mundo. Dessa forma, surge
a liberdade, o livre arbítrio se faz presente. Poderia ter escolhido permanecer
dentro do ovo, e ali mesmo morreria conformada. O rompimento da casca do ovo
significa, para a população brasileira, a quebra do status quo, um basta na
atual situação. 
Afinal, por que foram construídas e reformadas 12 arenas nesta Copa,
totalizando cerca de R$30bilhões? O governo anunciou que, para a conclusão
desse empreendimento (sem retorno financeiro), seriam necessários de 60 a 70%
em investimentos privados. No entanto, no país do descaso com o dinheiro
público, a promessa de se fazer a Copa com investimentos privados revelou-se
mais uma falácia dentre tantas outras de governantes e dirigentes políticos:
veio à tona que 98,5% são de verbas públicas. Tais fatos induzem ou não o povo ao
rompimento da casca do ovo?
Há uma corrente da população que prefere mostrar a indignação somente no
momento do voto, enquanto permanece tranquila dentro do ovo. A outra, mais
ousada e inconformada, prefere o momento do Mundial de futebol, pois é nele que
a repercussão das manifestações pode apresentar resultados imediatos,
principalmente para mostrar ao mundo que a população está insatisfeita com os
gastos da Copa e com a gestão desse governo. 
Não há, portanto, que ficar mostrando a imagem falsa ao exterior; há que
se mostrar a verdadeira, a original. E as manifestações e greves estão aí mesmo
para revelar o que o governo deixou de realizar para atender prioritariamente os
caprichos da Federação Internacional. Seria muito exigir padrão e velocidade
FIFA também na construção de creches, escolas e hospitais? 
O governo do PT cometeu, além de muitos outros, um erro que o povo
jamais perdoará. Por isso, a Copa vem sendo a cada dia mais rejeitada. Se nos
protestos vai haver conflitos e vandalismos, isso é imprevisível, mas o
governo, amedrontado e acuado, já prevendo tais acontecimentos, preferiu
espalhar milhares de policiais de todos os tipos no entorno dos estádios, para tentar
garantir a realização do evento com tranquilidade. Nesse caso, vai utilizar a
segurança padrão FIFA. 
Contudo, o governo não conseguirá impedir os movimentos de protesto, que
são justos e são permitidos no Brasil, enquanto regime democrático, e que certamente
serão uma festa à parte, bem ao contrário da esperada no Mundial. A comemoração
que o governo não gostaria de assistir ou gostaria que não acontecesse será
transmitida ao vivo para o mundo inteiro, não de dentro das arenas, onde rola a
competição esportiva das seleções, mas do meio das ruas.    
Celso Pereira Lara 
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