quinta-feira, 22 de maio de 2014

345-Manifestações na Copa

 A vinte dias do maior evento esportivo, cujas obras para construção e reforma das arenas exigiram um investimento de cerca de 30 bilhões de reais, as ruas permanecem com as mesmas características: pálidas e inseguras.

Afinal, haverá manifestações durante o evento? Esta é uma pergunta que continua sem resposta entre os brasileiros. A expectativa é sombria e cada um lança o seu palpite a respeito do que poderia ocorrer naquele momento.
Apesar de tudo, parece mesmo que desta vez a alegria pela participação da seleção brasileira não será como as anteriores, tão barulhentas de satisfação. As ruas ficarão de luto, ao invés de vestirem as cores verde e amarelo. Nunca se viu tanto desânimo da população brasileira, causado pela descrença no governo. É uma questão política e não esportiva.
Na verdade, não há clima de festa nem motivos para colorir as ruas. O que se ouve é que muitos estarão torcendo pela derrota da seleção brasileira, como forma de mostrar a indignação pelos desperdícios bilionários com a Copa.
Com as manifestações de rua nos dias que antecedem os jogos da seleção, ou mesmo durante a Copa, os políticos detentores de mandatos estarão expostos a todo tipo de contestação. Uma delas poderia ser a questão que envolve a representatividade. Os eleitores estão literalmente esquecidos pelos eleitos, e as reivindicações do povo não encontram respostas. Isso deve representar um item da pauta que certamente deverá incomodar a classe política, ainda mais por estar próximo das eleições.
O normal das eleições é que elas têm a característica do imprevisível, apesar da prévia eleitoral aferida pelos institutos especializados, entretanto, desta vez, uma variável de peso se apresenta para colocar mais lenha na fogueira das próximas eleições: as manifestações de rua.
O rolo compressor da população insatisfeita com o governo parece estar em "stand by", acumulando forças para serem usadas no momento adequado. As forças que o governo vai colocar nas ruas são as militares, ao passo que a população vai colocar a voz. As munições do povo são as palavras de ordem e as faixas, enquanto as do governo são os cassetetes, as balas e as bombas. Não se deve confundir com um governo militar.
Se as mobilizações motivadas pela insatisfação do povo com a realização da Copa não forem suficientes para a derrota nas urnas dos atuais governantes, as posteriores manifestações seriam exclusivamente políticas, visando atingir diretamente o governo, o que poderia gerar uma mudança de comportamento do quadro eleitoral.
Interessante mesmo é que a noventa dias do início dos jogos, o presidente da FIFA afirmou que ele e a presidente do Brasil não farão discursos na cerimônia de abertura do Mundial. Parece algo surreal ou inédito na história da Copa. O motivo da decisão todos já sabem: as vaias.
Durante os jogos, o campo - fora do estádio - estará fértil para receber as manifestações populares contra o evento, apesar de o forte aparato policial estar preparado para as situações de conflito. Assim como nas eleições é imprevisível a vitória de um candidato, a intensidade dos protestos ainda é um enigma. Não há ninguém, na face da Terra, que seja capaz de predizer a magnitude dos atos de protesto durante a Copa do Mundo.
O que teria muita repercussão durante e após os movimentos seria a exibição de faixas condenando o governo pela volta da inflação, que ainda continua em ebulição e é motivo de preocupação para todos. Este certamente seria o grande temor da presidente. Também não ficariam fora de pauta temas como Petrobras, educação, saúde e segurança. Sem contar com o agravamento da situação causado pelas possíveis greves dos transportes, dos professores e das polícias.

Celso Pereira Lara 

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