quarta-feira, 30 de outubro de 2013

288-Reflexões sobre a maioridade penal

A sociedade caminha insegura e conta com a própria sorte


O aumento visível da criminalidade em todo o país não poderia estar acontecendo, porque os presidentes dos cinco últimos mandatos se comprometeram em acabar com a miséria, com o problema dos menores abandonados nas ruas e com a criminalidade de uma forma geral. Entretanto, todas não passaram de promessas e agora servem apenas de combustível para as próximas campanhas eleitorais. São iniciativas que deveriam ter sido executadas com determinação e responsabilidade, para não deixar chegar ao estágio em que todos percebem. Se houve, de fato, durante esses vinte anos, um comprometimento voltado para resolver essas questões, então, pode-se dizer que as ações são insuficientes. Daí infere-se que a realização de maior rigor na legislação e a redução da maioridade penal são uma necessidade imediata. Alguns entendem que reduzir a maioridade para 16 anos é apenas uma perfumaria, para dar satisfação à opinião pública, sem eficiência prática, já que não iria resolver o problema. Por outro lado, nas ruas, o clamor por endurecimento das medidas protetivas ganhou corpo. A discussão sobre o envolvimento de adolescentes e até crianças em atos conflitantes com a lei é recorrente, mas não avança. As corporações protetoras dos menores infratores são acusadas de ser muito benevolentes com os envolvidos, e elas se defendem, alegando que se não houver inquéritos sólidos e provas robustas o acautelamento não poderá ser executado, pois não sendo assim estariam contrariando o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Embora seja um programa, criado em 1990, que carrega em sua essência ótimas intenções para solucionar os problemas das crianças e dos adolescentes, o ECA não consegue mostrar os resultados esperados. E as suas instalações físicas e as acomodações são precárias e sem a manutenção necessária para acolher os adolescentes com a dignidade proposta no Estatuto. Surge também o problema do comprometimento da base educacional e de famílias desestruturadas, incapazes de gerenciar seus primeiros passos, deixando essa missão para a própria rua. E, nesse momento, chega a droga como um perigoso componente. Parece um conflito em que todos têm razão, mas uma coisa também é certa: a questão não se fecha em nenhum desses pontos, já que o fenômeno tem outras e muitas implicações. A indignação da sociedade é o motor que deve levar as autoridades a sair da sua inércia e dos palanques, uma vez que o Estado tem suas responsabilidades objetivas, sobretudo por não dar oportunidade para quem busca e quer sair do atual status. Também falha ao não proporcionar, a contento, outros serviços, como Saúde e Segurança, deixando todos à mercê da própria sorte. 

Celso Pereira Lara

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