A grande
preocupação estaria no artificialismo da união
O
indecoroso troca-troca de partidos mostra claramente a fragilidade do sistema
político brasileiro, e para estancar essa brincadeira por falta de fidelidade
partidária o caminho seria o da reforma política em curso no Congresso, que
está sem possibilidades de se concretizar neste governo. A reforma, nesse
sentido, não passa de uma falácia a cada mandato, porque não há avanços
significativos onde prevalecem os interesses dos parlamentares. A
cada eleição presidencial fica mais caracterizado que os novos partidos
políticos só servem mesmo para abrigar aqueles que se tornam dissidentes por
interesse, a cada final de governo. É como renovar a roupa: cansou de usar,
troca-se por outra nova. A fidelidade partidária não existe, e eles se filiam
aos novos partidos, sejam de aluguel ou filhotes programados, com o objetivo de
permanecer junto ao poder, refastelando-se do banquete alheio. Exemplos: PROS e
SOLIDARIEDADE. Ambos surgiram sem candidatura própria à Presidência, e apenas
esperam filiações de dissidentes ou oportunistas, e depois integram-se à base
do governo. Na realidade, tal fato existe porque o TSE entendeu que as regras de perda de mandato para
candidatos que mudam de legenda não se aplicam nos casos em que a migração é
feita para um partido novo. Dos novos, o único partido
que teria chances de concorrer fortemente à Presidência seria o REDE, que não
obteve aprovação do TSE por falta de comprovação do número de assinaturas de apoio previsto em lei. Esse fato foi a grande e momentânea alegria do governo
petista, que comemorou discretamente o fracasso de Marina, o que se poderia
considerar uma reeleição garantida ao PT, ainda mais pelo fato de ela ter
afirmado que não haveria um "plano B" e, assim, daria para concluir
que não apoiaria ninguém, novamente, nessas eleições. Entretanto, dois dias
após a rejeição de seu partido, Marina roubou a cena e conseguiu surpreender a
todos, deixando os petistas profundamente preocupados até as eleições. Embora
tivesse recebido o assédio de vários partidos, Marina tomou uma decisão muito
lógica, portanto, acertada: filiou-se ao PSB, em apoio à candidatura de Eduardo
Campos.  O artificialismo dessa união é que preocupa
muito a todos. Como dissidente do PT em 2009, Marina
filiou-se ao PV, mas não chegou ao segundo turno em 2010. Desta vez, na ótica
da lógica, ela deveria seguir como vice na chapa de Campos, arrastando consigo
20 milhões de votos, o que faria do PSB um grande partido nesta competição.
Além disso, o PSB busca partidos que estejam dispostos a uma coligação. Por
outro lado, ainda falta definir o candidato que representaria o partido para
concorrer nas eleições. A posição de Campos, dentro do partido, passaria a
ficar ameaçada pela possível pressão para que Marina seja a candidata ideal a
concorrer pelo PSB. E poderia ocorrer uma inversão na chapa, sendo Marina a
candidata e Campos o vice, mesmo considerando um pouco absurda, essa
possibilidade não poderia ser descartada. Além do mais, o partido poderia
sofrer uma possível ameaça de racha, tendo em conta que ainda falta um bom tempo
para a definição de candidaturas. É nesse ponto que o PT vai investir com todas
as suas armas, forçando uma divisão no partido e fazendo com que os votos de Marina
fiquem novamente pulverizados, em que muitos até favoreceriam a reeleição da
presidente. Mas se de fato isso acontecer, Marina seria responsabilizada pela reeleição
do PT, logo ela que tentou criar o REDE com fortes pretensões de encerrar o ciclo
petista. Portanto, ela só tem uma chance mesmo: permanecer de bem com todos dentro
do PSB, sendo ou não indicada para vice. Nesse cenário, há muitas possibilidades
de surpresas acontecerem: José Serra poderia assumir a candidatura de Aécio, no
PSDB; o PMDB poderia milagrosamente sair do armário e romper com o governo,
aliando-se ao PSB para formar o terceiro bloco tão esperado. A única certeza é
que até lá muita água vai rolar. Marina, quando saiu do PT, agarrou-se ao PV
simplesmente para disputar as eleições como candidata à Presidência, depois lutou
para implodir o partido hospedeiro. Com a decisão de Marina em buscar abrigo no
PSB -- porque ela não se conforma com os desgovernos petistas e sua forma
ditatorial de governar, e por isso pretende quebrar esse ciclo --, a competição
eleitoral passaria a ter outra dimensão, porque a candidatura de Campos ficaria
muito mais forte. Por outro lado, o Rede poderia estar com a falência
decretada, porque Marina passaria a fazer parte de um projeto onde estarão
Campos, Roberto Freire, Aécio, Serra e outros. Seus projetos, portanto,
ficariam de lado.  
Celso Pereira Lara   
Mas a política é um exercício de estratégia, tanto quanto um teste de integridade; é um constante fazer o que não se deseja pessoalmente em prol do que se necessita coletivamente, resguardando-se os limites da integridade, dos princípios e da ética. Assim é que sou rede, mas quero (porque preciso e com urgência) ter uma melhor opção para a presidência já e ainda no próximo pleito.
ResponderExcluirDo texto "E agora José ?"
leia na íntegra: http://amilcarfaria.blogspot.com.br/2013/10/e-agora-jose-amilcar-faria-de-tanto-ver.html