sábado, 10 de abril de 2021

589-A insanidade dos togados

 Só quem não conhece os ministros do STF é capaz de acreditar que a decisão monocrática de Barroso poderá ser revertida em Plenário.

A determinação do ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, dada ao presidente do Senado, no dia 8, para que se adote as medidas necessárias à instalação de CPI da Covid-19, tem a finalidade de apurar ações e omissões na condução do enfrentamento à pandemia. Trata-se de atendimento ao requerimento do senador Randolfe (Rede), com 31 assinaturas de parlamentares, feito em fevereiro. Pacheco, agora, tem a obrigação de desengavetar o requerimento, pois ele considera que ordens do STF devem ser cumpridas. Mas ele - o presidente do Senado - não leva em consideração a interferência explícita do STF na Casa Legislativa, o que leva a um precedente gravíssimo.

Convém lembrar que o próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, declarou recentemente que o momento é de prioridade para os assuntos da pandemia e que num momento oportuno colocaria o impeachment do ministro Alexandre de Moraes em pauta.

Pacheco considerou também inoportuna a abertura dessa CPI e declarou que “Pode ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento da pandemia. Como se pretende apurar o passado se não conseguimos definir nosso presente e nosso futuro, com ações concretas?”. Para ele, Barroso não considerou a excepcionalidade vivida no país e afirmou que o funcionamento da CPI irá expor senadores, servidores e jornalistas a riscos, uma vez que a comissão exige a presença física dos envolvidos.

Contudo, Pacheco se curva à determinação do STF, apesar de sua impecável exposição de motivos contrários. Ele afirmou que “decisão judicial se cumpre” e procederá com a instalação da CPI na próxima terça (13), pedindo a indicação dos partidos para a composição da Comissão.

Já o Plenário do STF analisará instalação da "CPI da Covid" em 14 de abril.

Em postagem nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que "falta coragem moral e sobra ativismo judicial" ao ministro por se omitir também de ordenar a abertura de processos de impeachment contra integrantes da Corte. Bolsonaro acusa Barroso de "militância política" por CPI da Covid.

O presidente da República não poderia se omitir diante de uma decisão ditatorial do ministro togado. Foi uma canetada em busca de proteção aos ministros do STF, pois alguns deles estão com pedidos de impeachment na fila do Senado. Cabe destacar também que esse fato surgiu justamente no momento em que Bolsonaro pediu para que se investigue Adélio Bispo, o seu esfaqueador. Algo sinistro há por trás disso tudo!

A CPI na realidade deve ter a finalidade de apurar somente as ações do governo federal, deixando de lado investigações a governadores que se aproveitaram dos repasses de verbas bilionárias. Esse deve ser o foco.

Em nota, o STF afirmou que os ministros tomam decisões conforme a Constituição. "O Supremo Tribunal Federal reitera que os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias”.

Ok, Excelentíssimos da Suprema Corte! Devemos seguir tudo conforme manda a Constituição.  

Os tentáculos do Supremo estão indo longe demais, já ultrapassam em quilômetros os limites da área de atuação de uma Suprema Corte. Há um nítido desrespeito aos outros poderes, um total desequilíbrio. E quando isso acontece, é porque já não existe mais o Estado Democrático de Direito. O que existe é uma Torre de Babel na Justiça brasileira.      

Ministros que soltam corruptos já devidamente condenados e presos; que brincam de tirar os poderes da decisão de Segunda Instância; que prendem jornalistas e youtubers a torto e a direito; que decidem que o julgamento do ex-presidente petista, já condenado e preso, teria sido parcial por parte do Juiz Moro; que tiram os poderes do presidente da República, no enfrentamento da pandemia, e os transfere aos governadores,  não merecem respeito por parte de ninguém, pois são togados a serviço de uma ditadura do judiciário.

Celso Pereira Lara

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