segunda-feira, 15 de setembro de 2014

375-As misérias brasileiras

A miséria no Brasil não é um problema novo, nem foi o PT quem a descobriu. Mas foi esse partido quem fez da miséria o mote para a sua ascensão e permanência no poder.

É notório que grande parte da massa mais miserável da população brasileira é comprada com assistencialismo governamental. Um exemplo marcante é o Bolsa Família, um programa criado para o combate à fome. Isso não significa que o governo tenha retirado as famílias de suas condições anteriores. As condições de pobreza extrema ou miséria acentuada entre eles, de certa forma, continuam se não houver outros tipos de assistência, principalmente quanto a investimentos para criação de emprego e renda. Para o PT, o Brasil é um país sem miséria, pois Lula faz questão de dizer para o mundo inteiro que o seu governo acabou com ela. Uma concepção petista.

A miséria "fome", assistida em forma de bolsa, serve muito bem para finalidades eleitoreiras, porque é um programa garantidor de votos. Atualmente, com uma assistência estendida a 46 milhões de pessoas, e mesmo se chegar a 70 milhões (1/3 da população brasileira), ainda assim não acabaria com a miséria, mas com certeza estaria garantindo o poder perpétuo do PT no governo. O programa Bolsa não acabou e talvez não consiga acabar com a miséria no país, porque o Brasil nos últimos anos teve um crescimento econômico ridículo, vinculado a um comportamento de alta da inflação, o que dificulta a geração de renda e emprego no país, tão necessária para reduzir a expansão da miséria. O crescimento demográfico sempre foi maior nas camadas mais pobres, porque cada núcleo familiar tem em média seis pessoas, e o controle da natalidade para eles é uma grande dificuldade, até por falta de esclarecimentos. E isso é o grande empecilho para promover o bem-estar dessa classe. Com menos crescimento e mais inflação, a miséria tende a caminhar a passos largos, e quase que anulando os efeitos do Bolsa. Essa é uma parte desastrosa da economia desgovernada.

Mas não é só esse tipo de miséria que existe no Brasil. A miséria "educação" conduz o povo, no mínimo, à decadência cultural e à alienação política; a miséria "saúde" conduz o povo ao sofrimento e a viver menos. A miséria "segurança" conduz a população a viver insegura nas ruas e em suas próprias casas, e também conduz ao sofrimento e a viver menos, pois onde não há estado de direito, resta o poder paralelo; a miséria "transportes urbanos", que conduz o povo ao sofrimento pelo cansaço antes e após o período de trabalho; a miséria "água", que não chega à população do interior das regiões nordestinas; a miséria "saneamento básico", tão necessário aos pobres e miseráveis, mas os governantes não gostam muito de investir nesse setor, considerando que as obras não ficam tão evidentes quanto às de prédios e pontes. Enfim, é tudo pelo interesse político, não pelo interesse social. O Brasil da hipocrisia mastodôntica.

Há também outros tipos de miséria, que não se combatem com programas. Por exemplo, a miséria “transparência” é uma lei criada pelo governo petista, cujos efeitos não servem para os atos dos governantes: “Governo proíbe acesso a informações sobre gastos de Dilma em viagens ao exterior”; a miséria “carimbos sigilosos” foi muito utilizada nas ajudas a países comunistas e em outras operações bancadas pelo BNDES; a miséria “contabilidade criativa”, um artifício que melhora os índices e as contas do governo, logo foi revelado pelos jornais, fazendo com que a credibilidade e os investimentos de países estrangeiros no Brasil ficassem abalados; a miséria "salário” dos professores do ensino público, que lecionam desmotivados, sem perspectivas de crescimento, cujas consequências recaem sobre o ensinamento aos alunos; a miséria “salário” dos aposentados pelo INSS, que vai sendo corroído, sistematicamente, ao longo do tempo, obrigando o segurado a recorrer à justiça para que haja uma revisão do teto; a miséria "funcionários públicos", que tiveram os seus salários arrochados e seus direitos tungados de tudo que é maneira: perderam a aposentadoria integral, a paridade entre ativos e inativos, e passaram a contribuir, novamente, para a Previdência; a miséria “corrupção”, que produz um incansável saqueamento aos cofres públicos, presente em todas as instâncias de governo, não teve os efeitos de combate desejados e tão prometidos durante as campanhas do PT. Ao contrário, a expansão da corrupção vem acontecendo em proporções geométricas. O Brasil é um país de misérias em plena fase de crescimento. Imbatível.

Merece destaque especial a miséria "democracia", pois é a maior de todas, ocorrida durante os doze últimos anos, e quanto maior for a pobreza democrática, melhor será para levar adiante o projeto petista. A democracia vem sendo trabalhada constantemente, de forma a ficar dilapidada em toda a sua estrutura. Atualmente, presenciamos com clareza uma falsa democracia em todas as suas dimensões, mas enquanto o povo não acordar ou sair dessa letargia política, o petismo vai se perpetuando no poder que, por sua vez, se fortalece mais ainda, devido ao aparelhamento de estado. Se as instâncias de poder já estão dominadas e o Decreto 8.243 – vide explicações sobre o decreto do golpe http://www.libertar.in/2014/05/explicando-o-golpe-o-que-e-o-decreto.html – já está em vigor, então, podemos dizer que estamos a um passo da implantação da ditadura, com grandes possibilidades de vir a se concretizar no próximo governo, caso o candidato tucano seja derrotado nessas eleições.

Afinal de contas, que democracia moderna é essa que só se faz representar pelo voto nas urnas, mas na prática submete o povo aos caprichos dos governantes? Uma democracia que só serve aos desígnios do partido, para abrigar os malfeitos e os malfeitores. Hoje vivemos uma ditadura bolivariana travestida de democracia. Uma democracia literalmente na miséria, protagonizada e alimentada pela pobreza política do PT.


Celso Pereira Lara

Nenhum comentário:

Postar um comentário