Se a
entrada para a abertura dos jogos, na Arena Corinthians, fosse permitida
somente aos participantes do Bolsa-Família, ou então somente aos petistas, será
que ao menos um deles teria a coragem de vaiar a presidente?
As opiniões que
reprovam as vaias que a presidente recebeu na abertura do Mundial de Futebol
ganhariam adesões se fossem em outro contexto. Entretanto, há, sim, que ser
levada em conta a situação em que o país se apresenta. Um governo que ainda não
cumpriu sequer uma de suas promessas de campanha, além de muitas outras ao
longo do mandato; que se preocupa somente em efetuar doações a países
comunistas; que prefere construir porto em Cuba; que conseguiu quebrar a
Petrobras; que gastou mais de 30 bilhões em obras de arenas; que mantém fortes
ligações com países ditatoriais; mergulhado de ponta-cabeça em corrupções, e
pela afronta ao STF e pelos deboches das condenações dos mensaleiros petistas;
enfim, um governo que insistentemente luta para calar de vez a mídia não merece
ser respeitado pela população. Não foi com essa finalidade que os brasileiros
elegeram o PT. Esse não é o governo democrático tão esperado, por isso está
sendo rejeitado pela maior parte da população.
A produção de livros
literários contendo expressões de baixo calão é inaceitável pela sociedade,
pois eles são considerados ‘lixo literário’. Portanto, não se admite apologia a
palavrões nos círculos de livros. Já em outras áreas, como no trabalho, no
restaurante ou nas ruas, o uso de impropérios é tão comum que na maioria das
vezes a pessoa que profere tais palavras nem se dá conta disso. É tudo muito
natural. 
Como referencial,
podemos citar a atriz Cacilda Becker, uma das defensoras do palavrão: “Quando o palavrão vem dentro de um
espetáculo de cultura e atende às necessidades indiscutíveis de esclarecimento
do público – em todo o Brasil normalmente culto – faz parte da obra de arte e é
absolutamente justificado. Condená-lo é uma atitude, se não hipócrita, ao menos
ignorante”.
O escritor Graciliano Ramos, do alto de seu mau
humor, teria dito “outrossim é a puta que o pariu”. Fato que teria ocorrido na
redação do Jornal da Manhã, ao revisar o texto de um repórter. Verdade ou lenda
tem muito a ver com o seu temperamento de pavio curto.
Na Folha de São Paulo, em 8 maio 1993, “Lula
xinga o presidente e Eliseu em MG”: ”todo mundo sabe que o ministro da Fazenda,
Eliseu Resende, é um ‘canalha’ que tem compromissos com empreiteiros”. Em tom
de decepção, chamou Itamar Franco de ‘filho da puta’. Posteriormente, declarou
que não teve intenção de ofender o presidente.
Entretanto, em 13 junho 2014, Lula, em evento
do PT no Piauí, referindo-se ao xingamento à presidente, declara: “Educação se
recebe dentro de casa. Eu nunca tive coragem de faltar com respeito a um
presidente da República. Isso é coisa da elite branca e rica de São Paulo”.
“Os
palavrões transmitem emoções melhor do que quaisquer outras palavras, por isso
eu diria que eles são perfeitos para manifestações e protestos”, diz a
especialista Melissa Mohr. Segundo Melissa, esse tipo de palavra “faz com que as
pessoas compreendam quão forte é seu sentimento sobre algo, o quanto aquilo
significa para elas”. Além disso, estudos têm mostrado que os xingamentos
fazem as pessoas se sentirem unidas, como parte de um grupo. “São formas de
expressão que ajudam os manifestantes a se sentirem unidos contra o que estão
protestando”, diz ela. 
O comentarista do
SBT, Paulo Eduardo Martins, vai mais longe: “Vaiar chega a ser um ato de
civismo: vaiar, não a Dilma mulher, mas a Dilma que representa a incompetência
do governo e o autoritarismo que o petismo que nos impor. A cada vaia que Dilma
e o PT recebem, a liberdade respira e o país fica mais vivo”.
A verdade é que os palavrões não nasceram por
acaso. São recursos usados para prover expressões que traduzem com maior
fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. Eles são uma
verdadeira válvula de escape. Há o entendimento de que, quando bem aplicado,
naturalmente, o palavrão serve.
Há uma frase muito antiga, que expressa a realidade de um
governo: “Quando
os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito” (Cardeal
Retz).
O palavrão é igual a qualquer outro termo de uma determinada
língua, e talvez o mais fiel dos vocábulos de um idioma, porque ele vem do
fundo dos sentimentos e representa um basta na situação. É, geralmente, a
última palavra. 
As vaias em forma de
xingamento significam uma explosão de sentimentos acumulados pelos
acontecimentos imperdoáveis deste governo, e a Copa é a grande oportunidade
para externá-las.
A indignação tomou
conta da maioria e não dá para esperar o dia das eleições. Respeito e educação
deveriam partir do governo para o povo.  
Celso Pereira Lara 
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