“O legado que a Copa do Mundo 2014 deixará para o
Brasil... O brasileiro vai comprar uma cervejinha e torcer pela seleção”.
Assim como a FIFA estará cumprindo, neste 2 de junho, a sua agenda
esportiva, ao entregar a taça do torneio à presidente do Brasil, a agenda de
manifestações populares de rua já foi divulgada na internet. E a entrega da
taça, no Palácio do Planalto, possivelmente, não ficaria de fora da agenda de
protestos.
Em cada arena deverá ocorrer movimentos que reivindicam o atendimento de
várias pendências do governo com a população. Lógico que o momento é propício
para mostrar a indignação do povo, que não aceita os gastos bilionários com a
Copa, em detrimento das necessidades básicas dos brasileiros. Se a Copa do
Mundo 2014 não estivesse sendo sediada pelo Brasil, as manifestações não
estariam acontecendo, e o governo da presidente não estaria sofrendo tanto
desgaste político, que certamente se refletirá nas urnas. Evidente que não só
por isso, mas também pela desordem econômica, jurídica e ética. 
A revolta reprimida do povo será externada nas ruas, durante a festa que
o governo preparou com todos os requintes, não para os pobres, mas para a
classe média - que uma socióloga petista tanto odeia -, e a classe rica. O
evento considerado uma festa do povo, portanto, não é para todos. O povão ficou
excluído. Melhor teria sido não aceitar a proposta de sediar a Copa. Mas, se a
seleção brasileira for campeã, alguém teria a coragem de dizer que valeu a pena
ter gasto mais de 30 bilhões de reais para a construção e reforma das arenas?
Que benefícios os estádios trarão para o país, para compensar esse investimento
bilionário? O
legado que a Copa vai deixar só servirá para aumentar a lista de elefantes
brancos brasileiros.
Na época em que foi anunciado que o Brasil seria a sede da Copa do Mundo
2014, o governo do PT ainda estava no início do segundo mandato, e o povo,
muito esperançoso, acreditava em todas as promessas de Lula. Mas o que ocorreu
até hoje é que nada foi cumprido, a não ser o aparecimento de uma gigantesca
onda de corrupções, algumas das quais resultaram em condenações de prisão da
cúpula do governo. São 12 anos de governo petista cuidando apenas do
aparelhamento do Estado, visando a perpetuação no poder.
A aceitação da Copa, no Brasil, pelo ex-presidente Lula, foi uma decisão
acima de tudo política, visando o aumento da popularidade do governo petista,
pois ele considera que os gastos são secundários, o que importa mesmo é
garantir os votos. 
Ontem, no Rio de Janeiro, a presidente, mostrando-se muito popular,
chegou a tocar tamborim com a bateria da escola de samba União da Ilha, na
cerimônia de inauguração do BRT Transcarioca, enquanto, na rua, um grupo de
manifestantes protestava contra a Copa. No evento, eram mais de 150
trabalhadores a aplaudir a presidente, mas ela só não imaginava que os operários
deixariam vazar que cada um teria recebido 140 reais para permanecer na
plateia, além de café da manhã e almoço. Apesar de ela proibir a presença da
imprensa, não conseguiu evitar que tal fato virasse notícia. Plateia comprada é
uma prática petista!
Mesmo contra a sua vontade, já virou rotina na agenda presidencial: em
todas as cerimônias, ultimamente, as manifestações de protesto também estão
presentes. 
A toque de caixa, por causa da chegada do presidente da FIFA, duas obras
inacabadas foram inauguradas no domingo: a Transcarioca e as reformas dos
terminais 1 e 2 do Galeão. No Brasil é assim: para dar ibope, inaugura-se duas
vezes o mesmo empreendimento. 
Em Minas Gerais, bem ao estilo da diplomacia petista, ao final do
discurso dirigido aos alunos do Pronatec, a presidente disse que “o brasileiro
vai comprar cervejinha e torcer pela seleção na Copa”. Que fique bem claro: ninguém
é contra a seleção brasileira, mas numa Copa rejeitada pela maioria dos
brasileiros, quem vai comprar uma cervejinha para comemorar o quê?
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