sexta-feira, 6 de junho de 2014

351-A Copa em jogo

O espetáculo que a Copa pretende proporcionar ao mundo, com as disputas entre as seleções de futebol, não para por aí. A Copa também estará em jogo, mesmo sem bola.  

Já se pode contar como certo que as manifestações estarão presentes nos estádios, participando também do evento, mas do lado de fora, nas ruas.
A seis dias do início da competição, as pesquisas mostram que há um descontentamento crescente com a realização dos jogos da Copa no Brasil, devido aos gastos bilionários com as obras, muito além das expectativas. Se as obras das arenas, que são de interesse da FIFA, foram concluídas dentro do prazo, por que então as obras de interesse do país e da população ainda nem começaram?
Os jogos da Copa terão início nos gramados das arenas, pelas disputas de gols, enquanto as manifestações de protesto fazem o seu jogo político nas ruas, disputando espaço com os policiais. Nos estádios, o campeonato é para definir a melhor seleção de futebol do mundo; nas ruas, os movimentos populares servem para mostrar ao mundo que o país está cheio de problemas. Nesse campeonato, o que está em jogo é a Copa!
O mundial de futebol que a seleção brasileira estará disputando não deveria acontecer no Brasil. As necessidades dos brasileiros foram deixadas de lado, para atender prioritariamente o compromisso com a Federação Internacional. Por não aceitar tal situação, o povo deverá mostrar seu descontentamento durante o evento.
Não importa se o PIB virou pib e o país não cresce; também não importa se há cinco anos a Petrobras era a 12ª maior empresa do mundo pelo valor de mercado e agora ocupa a 120ª posição. Ou se a compra da refinaria em Pasadena “não foi um bom negócio”. Pouco importa se a produção industrial está em queda, ou se as grandes empresas estão falindo ou deixando o Brasil. Se o desemprego está em alta ou se há inflação ou estagflação. A meta a ser atingida é apenas um detalhe, já que a equipe econômica não acerta uma e nega que existem problemas.
A respeito dos maus desempenhos na economia, as respostas dadas pela presidente são de lascar:  "a inflação está sob controle, o problema são os preços", ou, então, ela diz “não saber as razões de crescimento pífio do país”. Ela erra quando afirma o que pensa saber, e acerta quando declara não saber. Melhor seria dizer “só sei que nada sei”.
Dessa forma, conseguem empurrar os problemas até o final do mandato, para novamente prometer uma economia estabilizada, moeda forte, controle da inflação, o país voltará a crescer, geração de emprego e renda, educação e saúde de qualidade etc., que só convencem mesmo os petistas fanáticos pelo socialismo bolivariano.
Com a aproximação dos jogos da Copa, a disparada generalizada dos preços é inevitável, forçada pelo clima de festa e pela expectativa de chegada de 300 mil turistas. Nesse contexto, é logico que a variação de preços se refletirá na inflação, corroendo o salário do trabalhador e provocando nova onda de greves pela recuperação salarial, principalmente no setor público. Essa também é a parte negativa para um país que se propõe sediar a Copa do Mundo.
Possivelmente, haverá muitas greves após o Mundial, não só pressionadas com as proximidades das eleições, como também para buscar os reajustes ainda neste final de governo, que se encontra em queda livre e sem a garantia de reeleição.
Um fato que chega a ser surpreendente! Para minimizar o volume de protestos contra a Copa, e para dizer que atendeu à voz das ruas, ou para tentar retirar o item "educação" das faixas que serão exibidas pelos manifestantes, o governo pediu urgência e a Câmara concluiu, no dia 3, a votação do Plano Nacional de Educação. O texto prevê um investimento na ordem de 10% do PIB. Um projeto demagógico, eleitoreiro, que estabelece metas e estratégias para o setor durante 10 anos (2015 a 2024). Será que isso é suficiente para conter a indignação da população pelos doze anos letárgicos, ou o que dizer das atuais greves dos professores públicos que lutam por melhorias salariais e condições dignas de trabalho?
Também não importa que a bola já esteja rolando fora das arenas, e que o comandante do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos tenha pedido para sair, prevendo grandes tumultos no Rio de Janeiro, ou se os black blocs atuarão orientados pelo PCC.
Segurança é um dos itens constantes da pauta de reivindicações. As forças de segurança, estaduais e federais, estarão concentradas nos estádios onde ocorrerá o campeonato, para garantir o evento que vem sendo rejeitado pela metade dos brasileiros. O governo popular do PT está preparado para uma eventual batalha sangrenta. Foram convocados policiais militares, federais, rodoviários federais e soldados do Exército, enquanto a população fica totalmente desprotegida e entregue à própria sorte. Se o povo já vinha reivindicando mais segurança no seu dia a dia, imaginem nos dias de jogos? O gigantesco esquema policial chega a ser assustador, mostrando que a situação no Brasil está dominada pela criminalidade.
A Copa, ao menos, serve para revelar que o país ainda não está preparado para sediar um evento mundial, tanto é que várias obras inacabadas só serão concluídas sabe-se lá quando! Até em Brasília, o aeroporto fica submerso quando chove. É certo que os turistas sairão decepcionados do Brasil, confirmando a fama de país de elefantes brancos, de falta de cumprimento dos compromissos de interesse do povo.
Outro fato também é certo: nenhum brasileiro é contra a nossa seleção de futebol. O povo gostaria que, antes de tudo, o Brasil fosse campeão em saúde, segurança e educação, e lógico no padrão FIFA. O discurso oficial do governo federal é que esta será a Copa das Copas, mas, na outra ponta, corre-se o risco de acontecer a Manifestação das Manifestações durante o torneio.
Se a Copa é considerada uma decepção, vergonhoso ou falta de pudor é ter pago 140 reais aos operários para aplaudir a presidente durante a cerimônia de inauguração do BRT Transcarioca. Haja dinheiro público para sustentar o Programa Bolsa Plateia até as eleições! A população já está saturada com esse governo que só sabe consumir dinheiro público e vender ilusões, cujas verdadeiras intenções estão voltadas para o golpe bolivariano. Afinal, ninguém é de ferro e não quer mais sofrer humilhações. Que venha a Copa com os seus robocops!

Celso Pereira Lara 

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