domingo, 24 de novembro de 2013

297-Efeito 'pedagógico' não inibe corrupção

No Brasil, prisão para políticos brasileiros ainda é lenda

É fato que o efeito "pedagógico" das punições aos mensaleiros não inibe a corrupção. Além disso, pode se tornar até motivo de estímulo, dadas as características dos resultados práticos das prisões e das multas, ou seja, de acordo com o tempo de prisão e os valores envolvidos, é sinal de que vale a pena. A lição que ficou é muito insignificante ou não representa quase nada para afastar qualquer corrupto, seja ele político ou não. Portanto, não se vislumbra um novo momento na política. A falácia de que “o sentimento de impunidade está acabando” não prospera, assim como “hoje se têm a sensação de que o criminoso de 'colarinho branco' também vai preso”. Atualmente, isso não faz mais sentido, pois enquanto não houver uma radical reforma política e eleitoral, não essas "perfumarias" que se apresentam para o povo, nada vai mudar em relação à corrupção. É notório que a prisão não cumpre qualquer papel no combate à corrupção, uma vez que a maior parte das malversações com dinheiro público teria origem na forma como são financiadas as campanhas políticas, que induz à relação promíscua entre o Poder Público e a iniciativa privada. Por isso, são necessárias reformas estruturais no modelo de custeio das campanhas. Por outro lado, a Câmara dos Deputados, que deveria comportar-se exemplarmente, acaba prestando uma grande contribuição para a anarquia política do governo petista, em favor dos políticos mensaleiros condenados, que possivelmente concluirão seus atuais mandatos, indecentemente. Motivo:  o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), não pretende pautar cassação de mensaleiros, enquanto o STF não concluir o julgamento do mensalão. Isso porque o Supremo só deve julgar os últimos recursos dos réus em 2014, ano de campanha eleitoral, o que costuma esvaziar o Congresso já no final do primeiro semestre. Ao dispensar aos mensaleiros com mandato o mesmo tratamento dado ao deputado-presidiário Natan Donadon, a Câmara se autocondenou a um ridículo de dimensões planetárias. A Casa pode tornar-se o único Legislativo do mundo a abrigar dois deputados que, após o expediente, foram algemados, embarcados no camburão e conduzidos à cadeia, onde passarão suas noites. Mais interessante do que não ser cassado imediatamente pela Câmara, -- não acatando uma decisão do Supremo e até porque não se poderia continuar com o mandato um político condenado à prisão --, é o fato de os advogados dos réus do mensalão, presos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, terem protocolado petições no STF para pedir transferência para outros estados, autorização para estudar e aval para exercer trabalho externo. Os pedidos ainda serão avaliados pela Procuradoria-Geral da República. Pelo que se podem observar diante disso, é que eles não terão tempo nem para se dedicar à prisão. Pasmem! Do Supremo Tribunal Federal (STF), o povo esperava condenações à altura dos crimes, e que elas fossem realmente exemplares, considerando a gravidade dos delitos praticados, principalmente, por serem representantes da população e ocuparem cargos de confiança no governo. Formação de quadrilha no Planalto para desviar recursos públicos é muito pior do que quadrilha de ladrões nas ruas. O povo ficou muito frustrado com as penalidades aplicadas e com as prisões que não aconteceram conforme esperado. O que se pode concluir é que os condenados logo estarão cumprindo prisões privilegiadas: domiciliares ou semiabertas. O mais grave, ainda, é que continuarão políticos diplomados, com a permissão da Câmara, numa atitude afrontosa ao próprio Estado Democrático de Direito. Assim é a política, assim é a democracia petista! 

Celso Pereira Lara

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