Governo não consegue conter os atos de vandalismo e
barbarismo
As cenas são dantescas e
inexplicáveis. O país inteiro, desde a Chefa de governo até o mais humilde de
uma cidade interiorana, dá sinais evidentes de que está bastante assustado e
preocupado com a atual crise de violência e barbárie que, ultimamente, fazem
parte dos noticiários diários. A origem dessa crise, todos sabem, começou com
os atos de vandalismo que marcaram as manifestações populares de junho, depois
continuou com a ação dos mascarados em movimentos isolados, porém fortes,
principalmente no Rio de Janeiro, e agora tem o ponto alto com os chamados
Black Blocs, cujo ápice da indignação foi a agressão covarde a um coronel da PM
de São Paulo. E, paralelamente, há também os atos de violência e covardia
cometidos por policiais militares: o sumiço do pedreiro Amarildo, no RJ, e o
assassinato do jovem Douglas, em SP, para ficar em apenas dois exemplos. A
perplexidade parece ter tomado conta de todos: sociedade e governo. O povo,
acuado, aguarda soluções imediatas dos governantes; o governo, por sua vez, não
consegue estancar as manifestações de protesto e vandalismos vindos das ruas. A
presidente, em seu último pronunciamento, declarou o óbvio: disse que atos de
violência praticados por manifestantes mascarados "são antidemocráticos e
representam a barbárie, devendo ser coibidos pelas autoridades", além de
defender a "garantia de segurança às pessoas e ao patrimônio durante a
realização de protestos". E, declarou, também, que ações serão tomadas,
anunciando um planejamento conjunto entre o Governo Federal e as administrações
estaduais de SP e RJ para reagir aos atos de depredação. São várias as
preocupações do governo: a primeira, e mais importante, diz respeito à
reeleição da presidente em 2014. A segunda, é que o país vai sediar a Copa do
Mundo de 2014. A terceira, os Jogos Olímpicos de 2016. Nesse clima de
incertezas, há cinco meses, e em meio à onda de violências que ocorrem durante
os protestos, o ministro da Justiça deve se reunir até o início da semana que
vem com os secretários de segurança do Rio e de São Paulo, além do presidente
da OAB e de outros conselhos, para discutir mudanças na legislação que possam
aumentar a eficácia do combate aos vândalos. Os secretários afirmam que “as
regras atuais são muito brandas”. Mas consideram brandas apenas para os vândalos.
E para os outros criminosos que cometem barbaridades diariamente, incluindo os
adolescentes? O foco está apenas nos protestos. No Congresso, a “CCJ acaba de
aprovar a possibilidade de uma PEC que garante o pagamento de um salário mínimo
mensal a vítimas de violência que ficarem com lesão incapacitante permanente e
comprovem não ter recursos para se manter ou serem mantidas por suas famílias”.
Tal fato deve ser muito bem visto pela opinião pública, mas não passa de um ato
bastante populista e inócuo. Lembra a história de governantes que comemoram a
construção de cadeias, e não o combate ao crime. Os deputados da Comissão
estão, a rigor, admitindo que, se não há nada a fazer, o melhor então é
indenizar quem sofre com a violência. Interessante é que isso nunca foi uma
reivindicação do povo, e também não é dessa forma que as manifestações de rua,
violentas ou não, serão impedidas! 
Celso Pereira Lara
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