sexta-feira, 15 de novembro de 2013

293-Mobilidade urbana

Também é uma prioridade nacional a solução para a mobilidade urbana

A mobilidade urbana não deveria ser seletiva; teria que ser para todos. Assim como a Saúde, Educação, Segurança e Transporte público são considerados de alta valia para a população, a mobilidade urbana ganha cada vez mais importância diante das dificuldades em que se apresenta o trânsito nas grandes capitais do Brasil. Trata-se de um desafio para os especialistas em transportes públicos e para as autoridades dos governos. Por mais que a engenharia de trânsito apresente alternativas supostamente viáveis, os resultados são sempre frustrantes, pois tudo volta rapidamente à mesma posição. E a situação, atualmente, é mesmo de caos generalizado nas grandes metrópoles e cidades médias. Além do mais, o que muito contribuiu para aumentar a situação, que já era caótica, foi a facilidade promovida pelo governo federal, por meio da isenção de IPI para as montadoras de veículos automotores. O objetivo era impulsionar as vendas, dando mais fôlego às empresas que se encontravam em dificuldades financeiras. Por outro lado, por meio de fartas propagandas na mídia pela redução do IPI, o governo empurrou a população a comprar automóveis com desconto do IPI, sem entrada, taxa zero e longas prestações, sem prever que aumentaria o problema dos engarrafamentos. Foi um período de euforia nas vendas de carros novos, mas não chegou muito longe, porque os compradores não conseguiram arcar com o pagamento das prestações e com as despesas dos veículos, da mesma forma como está sendo feito com os beneficiários do Minha Casa Minha Vida ao criar nova linha de crédito para eletrodomésticos. Com essa política de facilitação ao crédito, a inadimplência, por motivos óbvios, aumentou assustadoramente. Não fosse esse acontecimento “imprevisto”, possivelmente teríamos, agora, mais carros do que gente. O pior é que até hoje está havendo prorrogação da redução do IPI para aquisição de carros. Dessa forma, o que antes era muito difícil para desenrolar o trânsito, agora, então, ficou impossível. Basta qualquer feriado numa segunda ou sexta-feira para que o trânsito atinja quilômetros de engarrafamentos. São Paulo, por exemplo, na quinta-feira, dia 14, alcançou um recorde histórico de lentidão, com 309 km de filas. Rio de Janeiro tem trânsito sempre congestionado na Ponte Rio-Niterói sentido Região dos Lagos, o que demanda muitas horas para se chegar ao destino. Feriadão, portanto, passou a ser considerado sinônimo de sofrimento ou tortura para a população que cai na estrada. Apesar de tudo isso, ainda há relato de satisfação: “A sensação é ótima, porque depois de 12 horas de estrada, ver a praia agora dá uma relaxada”. Ideias boas surgem por todos os lados, sem resultado prático. A última apresentada recentemente é pela implantação de faixas de ônibus, que segundo os especialistas representam a tecnologia mais simples para aumentar a velocidade dos coletivos. O modelo é São Paulo, a maior cidade do país e da América Latina, que tem tentado e vem conseguindo bons resultados com muito pouco investimento: basta pintar, apenas, uma faixa no asfalto. Todavia, as consequências são previsíveis: a mesma quantidade de carros particulares passou a ficar espremida por ter perdido uma faixa de circulação. É o mesmo problema do “cobertor curto”. Houve uma melhoria para a circulação dos veículos coletivos, em detrimento dos veículos particulares. Neste caso, os beneficiados, portanto, são os usuários de transportes coletivos. A tendência, pelo visto, é a ampliação de faixas exclusivas para ônibus ou, então, a criação de obstáculos aos veículos de passeio. Sendo resolvido dessa forma, o problema da mobilidade urbana pode melhorar para os que não possuem carro e para quem o deixa em casa, mas não é uma solução que beneficie a todos, porque as situações de engarrafamento certamente irão continuar. 

Celso Pereira Lara

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