Também
é uma prioridade nacional a solução para a mobilidade urbana
A mobilidade urbana
não deveria ser seletiva; teria que ser para todos. Assim como a Saúde,
Educação, Segurança e Transporte público são considerados de alta valia para a
população, a mobilidade urbana ganha cada vez mais importância diante das
dificuldades em que se apresenta o trânsito nas grandes capitais do Brasil. Trata-se
de um desafio para os especialistas em transportes públicos e para as autoridades
dos governos. Por mais que a engenharia de trânsito apresente alternativas supostamente
viáveis, os resultados são sempre frustrantes, pois tudo volta rapidamente à
mesma posição. E a situação, atualmente, é mesmo de caos generalizado nas grandes
metrópoles e cidades médias. Além do mais, o que muito contribuiu para aumentar
a situação, que já era caótica, foi a facilidade promovida pelo governo
federal, por meio da isenção de IPI para as montadoras de veículos automotores.
O objetivo era impulsionar as vendas, dando mais fôlego às empresas que se
encontravam em dificuldades financeiras. Por outro lado, por meio de fartas
propagandas na mídia pela redução do IPI, o governo empurrou a população a
comprar automóveis com desconto do IPI, sem entrada, taxa zero e longas
prestações, sem prever que aumentaria o problema dos engarrafamentos. Foi um
período de euforia nas vendas de carros novos, mas não chegou muito longe,
porque os compradores não conseguiram arcar com o pagamento das prestações e
com as despesas dos veículos, da mesma forma como está sendo feito com os
beneficiários do Minha Casa Minha Vida ao criar nova linha de crédito para
eletrodomésticos. Com essa política de facilitação ao crédito, a inadimplência,
por motivos óbvios, aumentou assustadoramente. Não fosse esse acontecimento “imprevisto”, possivelmente
teríamos, agora, mais carros do que gente. O pior é que até hoje está havendo prorrogação
da redução do IPI para aquisição de carros. Dessa forma, o que antes era muito
difícil para desenrolar o trânsito, agora, então, ficou impossível. Basta
qualquer feriado numa segunda ou sexta-feira para que o trânsito atinja
quilômetros de engarrafamentos. São Paulo, por exemplo, na quinta-feira, dia
14, alcançou um recorde histórico de lentidão, com 309 km de filas. Rio de
Janeiro tem trânsito sempre congestionado na Ponte Rio-Niterói sentido Região
dos Lagos, o que demanda muitas horas para se chegar ao destino. Feriadão, portanto,
passou a ser considerado sinônimo de sofrimento ou tortura para a população que
cai na estrada. Apesar de tudo isso, ainda há relato de
satisfação: “A sensação é ótima, porque depois de 12 horas de estrada, ver a
praia agora dá uma relaxada”. Ideias boas surgem por todos os lados, sem
resultado prático. A última apresentada recentemente é pela implantação de
faixas de ônibus, que segundo os especialistas representam a tecnologia mais
simples para aumentar a velocidade dos coletivos. O modelo é São Paulo, a maior
cidade do país e da América Latina, que tem tentado e vem conseguindo bons
resultados com muito pouco investimento: basta pintar, apenas, uma faixa no
asfalto. Todavia, as consequências são previsíveis: a mesma quantidade de
carros particulares passou a ficar espremida por ter perdido uma faixa de
circulação. É o mesmo problema do “cobertor curto”. Houve uma melhoria para a
circulação dos veículos coletivos, em detrimento dos veículos particulares. Neste
caso, os beneficiados, portanto, são os usuários de transportes coletivos. A
tendência, pelo visto, é a ampliação de faixas exclusivas para ônibus ou,
então, a criação de obstáculos aos veículos de passeio. Sendo resolvido dessa
forma, o problema da mobilidade urbana pode melhorar para os que não possuem
carro e para quem o deixa em casa, mas não é uma solução que beneficie a todos,
porque as situações de engarrafamento certamente irão continuar. 
Celso Pereira Lara
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