domingo, 20 de abril de 2014

336-PEC 51: o fim da PM

Um risco muito grande que o Brasil está correndo, caso a PEC 51 seja aprovada. No governo petista, ainda não foi apresentada uma Proposta de Emenda Constitucional que não tenha sido tão odiada pela maldita classe média.

A reforma das polícias significa a desmilitarização da PM e sua transformação em carreira única. A desmilitarização da PM, inspirada no filme Tropa de Elite-II, ganhou muita força pelos black blocs nos movimentos de rua, em junho 2013, o que fez com que o oportunista senador Lindberg Farias (PT-RJ) apresentasse um projeto de lei, contando com a colaboração de um antropólogo, protagonista de sua redação, que acabou se transformando em uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 51/2013). Basicamente, ela tem a pretensão de unificar as polícias civil e militar do Brasil, o que significa reestruturar a arquitetura da segurança pública a partir da desmilitarização do modelo policial. A segurança pública será provida, no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, por meio de polícias e corpos de bombeiros.
Uma proposta totalmente incoerente e com finalidade eleitoreira. Caso seja aprovada em todas as instâncias, a unificação das polícias militar e civil passará a ser uma verdadeira torre de babel. Como enquadrar os níveis salarias pelas carreiras, sendo que elas desempenham missões distintas?
A Polícia Militar é regida pelo Código Penal Militar. Não sendo assim, ao ser unificada, geraria um cenário de falta de controle, de desordem pública, de caos. A polícia ostensiva fardada existe em todos os países democráticos do mundo. Uma polícia unificada seria o mesmo que decretar a falência da segurança pública, e o sucateamento da PM, que vem ocorrendo nos últimos doze anos, serve justamente como propósito para conduzir à aprovação da PEC 51. No entanto, no âmbito federal, ainda se mantém distintas a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal. Afinal, a proposta seria, no fundo, uma perseguição aos militares ou uma preparação para um plano petista?
A primeira investida contra os militares aconteceu no caos aéreo de 2006, no auge da crise, quando o governo Lula apresentou uma proposta de desmilitarização do tráfego aéreo: passaria o controle da Aeronáutica para os civis. Tal proposta ainda não se concretizou.
A política petista consiste primeiramente em sucatear, para depois desmontar. A unificação permitiria a sindicalização desses policiais, que seriam presas fáceis comandadas pela CUT e pelo PT.
Uma trama macabra! Por trás de uma boa intenção, um projeto visando o desmonte das Forças Armadas.
O plano seguinte poderia ser uma grande reforma nas FFAA, diminuindo o efetivo, através do fim do serviço obrigatório e do aumento do sucateamento das instituições militares, através da redução de verbas.
Não dá para acreditar que a intenção de reformar as polícias seja pelo interesse da melhoria de vida dos profissionais, muito menos visando à segurança do povo. A pretensão é outra, muito mais perigosa, a ponto de enterrar a democracia e conduzir o país a uma guerra civil.
 É uma proposta indecente do ponto de vista político, considerando que o verdadeiro propósito é acabar com a proteção oferecida pelo governo federal, o que ainda está previsto na Constituição. Se aprovada, a segurança deixa de ser uma obrigação do Estado. As polícias militar e civil ficarão a cargo dos governos estaduais, reguladas por um órgão de natureza civil.
Na avaliação de alguns, é uma proposta de mudança aparentemente boa, mas, como ela nasceu das mentes de um senador e um antropólogo petistas, não deixa de ser um planejamento altamente estratégico, maldoso.   
A busca de soluções para os problemas da Polícia Militar não está na unificação com a Polícia Civil, pois dessa forma só tende a aumentar o problema dos dois lados. As soluções devem ser encontradas no âmbito da PM, sem a necessidade de unificar problemas. A diversificação de polícias é essencial para a manutenção da segurança pública em qualquer país democrático, da mesma forma que existem Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Polícia Ferroviária. Na realidade, o que incomoda o PT é o fato de a Polícia Militar estar enquadrada em carreira militar própria. Não que seja perseguição a militares, pois o PT, no tempo da ditadura, já teve um ativista "olheiro" levando informações para o DOPS, não é verdade?      
Por mais que o projeto contenha dados significativos e convincentes para a unificação das polícias, isso não basta porque a legislação continua arcaica, ou seja, modifica-se tudo para ficar do mesmo jeito. As polícias necessitam de maior atenção dos governos, e de maior empenho na forma de atuação, assim como as leis necessitam de revisão.
Atualmente, o criminoso encontra muita proteção legal, o que faz com ele retorne às ruas em poucos dias.  Se o modelo de policia está falido, muito mais as leis. Dessa forma, a unificação das policias não passa de uma falácia, de um projeto mal intencionado. O desmantelamento das polícias é um projeto colocado em prática desde que o PT assumiu o governo.
A Polícia Militar encontra-se, hoje em dia, numa fase de sucateamento de tal ordem que qualquer oferta partindo do governo passa a ser uma grande benesse, aceitável sem uma análise aprofundada da conjuntura política. Em qualquer situação, aprovar a proposta é decretar a falência da segurança pública, conduzindo o país ao caos, a caminho da Venezuela. Quem sabe o programa “Mais Policiais” já esteja na fase de finalização, aguardando apenas a unificação, para depois incorporar os policiais cubanos?      
Com a criação de uma nova Polícia Civil, unificada e sindicalizada, a população jamais terá condição de tirar o PT do poder, porque fica estabelecido um vínculo de dependência dos policiais com o governo. Com o poder e as armas nas mãos, fica garantida a perpetuação do poder petista, e abrem-se os caminhos para realização de todos os seus projetos satânicos, como a inconstitucional PEC 41/2003 (transformada em EC 41/2003), que impõe taxação mensal sobre os vencimentos dos aposentados – lembrando que a sua aprovação no Congresso se deu em função do mensalão -;  a Poupança Fraterna (PLP 137/2004), de autoria do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) - arquivada em 2008, mas poderia ser reeditada -; o Marco Civil da Internet, ainda em votação na CCJ, e a Regulamentação da Comunicação. Nesse entendimento, qualquer PEC que venha desse governo é uma medida antipopular e antidemocrática, e por isso deve ser rechaçada.   
O risco para o povo e para a democracia é muito grande se a PEC 51 for aprovada. A Desmilitarização da PM não tem nada a ver com mais segurança para a população, pelo contrário, devido à desmotivação imposta aos policiais, a criminalidade ficará sem controle e a população entregue à própria sorte, do jeito que o governo gosta.
Da mesma maneira que na Petrobras ocorre um cenário de contradições, entre a executiva e o diretor da estatal, causado pela desastrosa compra da refinaria em Pasadena, a aprovação da PEC 51 não será “um bom negócio”, como é de praxe no governo.
Existem muitas falhas nas ações dos policiais, mas é nítido o sucateamento da segurança pública, agravado pela ausência de controle ou facilitação de entrada de armas e tóxicos nas fronteiras do país. A situação da criminalidade no Brasil chegou a níveis insuportáveis, sendo o governo obrigado a reconhecer a sua incapacidade no combate à violência nas grandes cidades, ao solicitar ajuda do Exército. Primeiro, no Rio de Janeiro, para acalmar as guerras no complexo da maré. Em seguida, na Bahia, para acalmar a onda de saques, assaltos e assassinatos por conta da greve dos policiais militares. Pelo visto, os militares do Exército estão sendo muito úteis no governo da democracia petista. Nunca foram tão solicitados! Inclusive atuarão durante a Copa de Elite, para garantir a realização dos jogos e proteger muito bem os turistas e as autoridades brasileiras e estrangeiras. 


Celso Pereira Lara  

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