sábado, 15 de outubro de 2016

468-Lista fechada - Projeto obscuro!

Roubar o direito ao voto é o maior atentado que se possa imaginar contra a democracia. Quando se pensa que a guerra já acabou ou que tudo tenha chegado ao final, eis que nos encontramos em um campo minado e com sobreviventes ainda resistentes!

Inacreditável, surreal, sei lá o quê!  O Congresso está se preparando para roubar do povo o direito inalienável de escolher os seus legítimos representantes. A política continua sendo comandada por mentes insanas que preferem seguir outros caminhos, seguir outras rotas que levem o Brasil ao fracasso. E isso é inadmissível prosperar neste país progressista, de liberdade de expressão e de voto. A democracia só faz sentido se for plena!

Reforma política só serve para atender os interesses dos parlamentares, sempre foi assim e não vai ser diferente, agora. Mudança, dessa forma, só se for para piorar. O que interessa aos políticos não interessa ao povo! Ninguém mais acredita nos atuais políticos, muito menos em reforma proposta por eles. Não foi para isso que o povo foi às ruas.

Tramita na Câmara a mais indecente proposta de alteração no sistema de votação para candidatos políticos. Corremos sério risco de não mais poder votar no candidato escolhido para ser nosso representante no Congresso. Rodrigo Maia, o arquiteto que já tentou nos tirar o voto impresso - e Dilma vetou a proposta que estabelecia voto impresso -, agora coloca na mesa um projeto ditatorial que já havia sido rejeitado por ampla maioria em 2015. Uma manobra asquerosa, uma estratégia política vergonhosa, que não é compatível com momento algum num regime democrático. Não há defesa que consiga sustentar tal plano. E, pelas centenas de discursos proferidos pelos ex-presidentes petistas em que sempre se intitularam defensores da democracia, esse é o momento próprio para colocar em prática a narrativa petista, manifestando-se contrariamente a essa monstruosa proposta e gritando nas ruas ‘Não vai ter golpe’. Mesmo não tendo mais credibilidade junto à população!

A proposta oferece ao eleitor um cardápio arrumado pelos próprios políticos, típico de prato feito. Só que dessa forma a refeição fica difícil de ser ingerida, e por certo causará indigestão a todos. Trata-se, claramente, de fortalecer as legendas, as quais estão seriamente desgastadas por envolvimentos em crimes de corrupção. Do jeito que se apresenta, o eleitor fica sem escolha. Ele se vê na 'obrigação' de votar na legenda para eleger determinado candidato. Isso não pode ser considerado voto livre. O direito de voto foi usurpado!

Na indecorosa lista fechada vão sobressair aqueles que os líderes dos partidos escolherem, ou seja, candidatos de interesse da legenda, a serviço de seu projeto de poder. Além de tudo, as coligações servem para salvar aqueles que possivelmente estariam na lista da Lava-Jato. Isso impede, se aprovado o projeto, a tão esperada renovação política no Congresso, enfim, a alternância de poder. Na realidade, essa proposta serve para enganar a população votante. Dane-se o eleitor! 

A justificativa de que não há mais financiamento privado para as campanhas, e que é preciso baratear o processo, não serve para convencer o povo que a proposta é justa e se faz necessária. Ela em essência é mais um passo na farsa que fere de morte a democracia, ao excluir o eleitor do seu direito de votar no político de sua preferência. A legitimidade de nossos representantes está ficando cada vez mais distante. Isso é preocupante!    

Uma afronta ao povo brasileiro, bem ao estilo bolivariano. O povo foi às ruas para dizer não ao PT e às maracutaias políticas, entretanto, Maia colocou um petista para conduzir a reforma. Um escárnio bem pensado! Ou será que Maia desconhece o momento vivido pelo Partido dos Trabalhadores?

Não bastam os resultados obtidos nas eleições municipais, onde predominaram votos nulos, branco e abstenções, comprovando assim a insatisfação do povo com o sistema político. Uma vez aprovada essa proposta de lista fechada, os políticos esperam o quê dos eleitores nas próximas eleições?  


Celso Pereira Lara

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