Matéria publicada em "O Antagonista", em
07.09.2016.
"O impeachment é página virada".
Foi o que disse o
Advogado-Geral da União, Fábio Medina Osório, à Folha de S. Paulo.
Ele não acredita
que o STF possa rever a decisão do Senado:
"É uma solução
irreversível. Como é uma matéria jurisdicional de competência do Senado, o
Senado tem o direito, em tese, de errar por último. O impeachment é página
virada e não deve ser remexido pelo STF".
O mesmo vale para a
questão do fatiamento da pena de Dilma Rousseff:
"O Senado era
quem tinha a palavra final sobre esse julgamento quanto ao mérito e o mérito
envolvia também essa questão do fatiamento, portanto, entendo que isso não deve
mais ser revisto. Temos que olhar para o futuro e pacificar esse assunto".
E também:
"Se olharmos a
jurisprudência do STF quanto à revisão do mérito dos julgamentos, eu diria que
o Supremo não deve rever. Entendo que o fatiamento remete ao mérito do
julgamento, já que foi debatido com senadores e pactuado dentro do Senado. Se
violou ou não a Constituição, é uma matéria interna corporis e a tendência é
não modificar".
Opinião deste Blog:
Como
assim é página virada? É triste saber que o golpe saiu de dentro do Senado, com
a complacência do presidente da sessão do julgamento, Ministro Lewandowski, que
também é o presidente do Supremo Tribunal Federal. O estupro cometido na
Constituição é o golpe mais perverso que se pode praticar na democracia,
principalmente quando se trata de impeachment, onde uma presidente condenada
estaria, logo em seguida, habilitada a ocupar cargos públicos. Então, não houve
impeachment constitucional; houve um flagrante desrespeito à Constituição.
O
STF não poderia se curvar diante de uma decisão de tal magnitude. Deveria, por
questão de ser o guardião da Constituição, anular total ou parcialmente o
impeachment, para que a confiança nas instituições volte aos padrões normais.
Não se trata de se colocar acima das decisões do Senado. Trata-se de
restabelecer a confiança no Estado Democrático de Direito, sempre que houver um
cometimento desrespeitoso à Carta Maior. Dessa forma, no mínimo, Renan e
Lewandowski deveriam ser responsabilizados pela desastrosa artimanha praticada
antecipadamente e aos olhos de todos contra a Pátria. Não sendo assim, como
ficará daqui pra frente? 
O
Brasil não pode seguir em frente, fingindo que nada aconteceu. Alguma coisa
deve ser feita e cabe aos movimentos de rua iniciar manifestações com urgência
e denunciar ao mundo a insatisfação com a decisão do impeachment. Nada de dar o
troco nas eleições ou outras medidas de vingança, pois isso não resolve o grave
problema. 
O
Brasil não pode caminhar de muletas... Portanto, o impeachment não é página
virada!
Celso Pereira Lara
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