quinta-feira, 23 de abril de 2015

411-Reflexões sobre a redução da maioridade penal (87%)

É necessário separar as condições de apresentação. Argumentações em torno da redução da maioridade penal não devem se processar pela emoção.

Ninguém é absoluto o suficiente para se colocar diante das pessoas como o rei da razão. Cada um se posiciona, segundo o seu entendimento, respeitando o dos outros.

Não dá para fingir que o país não enfrenta problemas de médio e longo prazo, pois a crise interna atinge setores tanto da Política quanto da Economia. Vivemos momentos de incertezas e de caos provocados pelo próprio governo, o que conduz à crescente falta de confiança pela população. A realidade se apresenta como um Brasil de ponta-cabeça!

Com expressiva maioria, a CCJ da Câmara aprovou, em 31 de março, a admissibilidade da PEC que estabelece maioridade penal aos 16 anos, apesar de o Governo ser contrário à medida. Uma verdadeira prova de que o Governo está enfraquecido em sua base. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer, mesmo sob a pressão das ruas. A chance de ser aprovada é alta, e conta com o respaldo de grande parte do povo, conforme índice de aprovação da redução, divulgado pelo Datafolha do último dia 15.

Trata-se de um projeto que ficou hibernando por mais de vinte anos na Câmara. Para quem ainda não tomou conhecimento, a proposta de redução da maioridade penal para os 16 anos passa a impressão de que todos os jovens, cuja idade se situa entre os 16 e 18 anos, serão presos aleatoriamente. Há que existir algum crime para que o autor seja responsabilizado e enquadrado na lei.

A discussão, possivelmente, deve dar margem a alternativas, uma vez que a sociedade, hoje refém da insegurança e aprisionada dentro de sua própria residência, carece de respostas do Governo Central. Sua vida, sua propriedade e seu bem-estar são ameaçados diariamente. O avanço da violência oprime a população, e ao Estado cabe fornecer um mínimo de segurança individual.

Sem dúvida, o Brasil precisa educar e dar oportunidades, mas precisa primeiramente resolver o problema carcerário. Não é porque um presidiário é tratado como “lixo”, em prisão considerada “escola do crime”, que o menor infrator vai sair irado e descontar na sociedade. Ele foi parar na prisão porque é um criminoso, antes de tudo, julgado e condenado pela legislação vigente. A lei deve servir ao cidadão de bem, mas não aos bandidos, sejam eles menores de idade ou não. Ninguém entra para uma prisão por ser boa gente ou sem motivo!

A questão é que os menores entram para o mundo do crime, não por necessidades básicas, mas por ostentação. E o problema não é a idade mínima; é a impunidade. A polícia prende e a justiça solta, num verdadeiro incentivo à bandidagem. No Brasil, o índice de reincidência chega a 70%. Do jeito que está - porteiras abertas -, é um "mamão com açúcar" para eles. Quanto ao povo, bem, este vai tomando... limonada amarga.

Todos são iguais perante a lei, mas é preciso que a lei seja igual perante todos. Se eles (menores) têm a capacidade para votar em políticos e governantes deste país, então, eles também têm a capacidade para responder pelos crimes que cometeram. As discussões a respeito são necessárias ao entendimento mais amplo, embora muitos brasileiros estejam vivendo no Brasil, mas fora da realidade do povo no cotidiano. As opiniões sobre o assunto cabem ao povão. A nata ou elite -  aquela que vive no mundo da lua -, filosofa bonito, mas não conta.  


Celso Pereira Lara

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