sábado, 15 de fevereiro de 2014

322- As promessas que se repetirão

A pressa desesperada do atual governo pelas propagandas eleitorais 2014 está evidente. Entretanto, são muitos os programas ainda em andamento e nenhum concluído.

Agora, o Brasil tem pressa! Tanto é assim que o governo anuncia que vai lançar o PAC 3, sem ter concluído o primeiro. Com um discreto atraso de seis anos nas obras dos programas anteriores, o governo apressa-se, justo agora, em promover um novo ciclo de investimento: o lançamento, em abril, do terceiro Programa de Aceleração do Crescimento, a ser executado a partir de 2015. Preocupada mais com as campanhas eleitorais de sua reeleição do que propriamente com o crescimento do país, a presidente sabe que o momento exige estratégias políticas que convençam os eleitores que ainda se encontram no grupo dos indecisos. São esses que decidirão as eleições, por isso, o momento para lançar programa voltado para obras de caráter social e urbano teria que ser agora. O tempo é o fator principal nessa corrida eleitoral, e tudo o que ainda falta (ou está faltando quase tudo) deve ser apresentado como promessa de realização no próximo governo. Isso conta muito na campanha de propaganda do governo na mídia, embora sejam aquelas mesmas ainda não realizadas, as quais seus fiéis eleitores haverão de engolir novamente. Não há, portanto, novidade no front. E o novo ciclo de investimento do governo coincide com o período de campanhas eleitorais. Pura coincidência, não?
Na área de investimentos no Brasil, nada foi concluído e alguns sequer saíram do papel. A patinação das obras do PAC é o principal problema desde o início, e isso vem acarretando prejuízos bilionários aos cofres públicos. A isso se chama fracasso do governo petista.
Os programas do PAC 1 e PAC 2 não conseguiram atingir suas metas. O programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, é um deles. Foram contratadas mais de 3,4 milhões de moradias, e apenas 1,5 milhão delas foram colocadas à disposição da população, ficando, portanto, em menos de 50% do previsto. O déficit habitacional no Brasil continua alto, na casa dos 8 milhões de moradias. A isso se chama fracasso do governo petista.
O Arco Rodoviário do Rio, previsto para conclusão em 2010, no PAC 1, iniciado no governo Lula, hoje está previsto para conclusão em 2016. A isso se chama fracasso do governo petista.
O Trem de Alta Velocidade ou trem-bala, previsto para conclusão antes da Copa 2014, iniciado também no governo Lula, até hoje não saiu do papel. A isso se chama fracasso do governo petista.
A transposição das águas do Rio São Francisco está sempre a um passo da inauguração, e já foram gastos bilhões, inutilmente.  A isso se chama fracasso do governo petista.
Na área de investimentos feitos no exterior, convém citar alguns que trouxeram prejuízos aos cofres públicos: doação de 60 milhões para a Bolívia, para o enfrentamento do déficit energético naquele país, enquanto no Brasil a população sofre com alguns apagões e, certamente, os consumidores de energia haverão de arcar com os investimentos extras via aumento na conta de luz; empréstimos secretos para Cuba e perdão da dívida para Angola, que juntos chegam a mais de dois bilhões de dólares. A ajuda financeira que o governo brasileiro solidariamente presta a Cuba impressiona a todos os países não comunistas. A generosidade do governo brasileiro, com os países comunistas, não tem limites, mesmo com o próprio Brasil passando por uma longa crise interna, seja política, institucional ou econômica. São fatos cujas explicações deveriam ser duramente cobradas deste governo pela oposição durante as campanhas. Para conquistar a classe dos eleitores jovens, o governo promete também, e novamente, porque ainda não cumpriu, o aumento da oferta (expansão da banda larga) e a velocidade da internet. A isso se chama fracasso do governo petista.
Pelo visto, no balanço governamental, a “mãe do PAC” não tem nada a comemorar, pois não há nada que tenha sido executado de maneira completa durante o seu governo. Nada atingiu a meta. O governo só cumpre a meta quando se trata de reduzir despesas de custeio ou verba do SUS.  Por falta de tempo (7 anos), as obras das arenas ou estádios vêm sendo tocadas de qualquer maneira, e os aeroportos brasileiros possivelmente mostrarão o caos em que se encontram as suas reformas para a Copa. Em alguns aeroportos, até “puxadinhos” serão feitos! Possivelmente, o forte da campanha estaria concentrado nas promessas de atendimento das manifestações de rua, ocorridas em junho de 2013. Em nome das pressões populares, o governo decide apresentar propostas de solução para os problemas acumulados que envolvem melhorias nos serviços públicos, como transporte. Isso após um ano das manifestações! Da mesma forma que na campanha de 2010, a mobilidade urbana seria o destaque da campanha de 2014. E, claro, não poderiam ficar de fora os enaltecimentos ao Bolsa Família, programa eleitoreiro em essência, acompanhado de uma nova promessa de abraçar um número bem maior de participantes, se eleita! Portanto, até agora nada evoluiu concretamente nesta Terra Brasilis, seja na área social ou na de crescimento do país, a não ser no desmonte das instituições brasileiras e na baixa credibilidade dos investidores estrangeiros. Em Wall Street, por exemplo, há um forte pessimismo com o Brasil por causa da manipulação de alguns indicativos (contabilidade criativa), da falta de reformas e da possibilidade de o país ser rebaixado pelas agências de classificação de risco. Portanto, é muito difícil mudar essa percepção num curto prazo. Se a oposição é taxada de pessimista por criticar os programas do governo ou torcer contra o Brasil, nas palavras da presidente, e, se de fato, não houve conquistas de grande valia no período petista, então, é porque tudo não passou de promessas e promessas. A isso se chama fracasso do governo petista. 

Celso Pereira Lara 

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