sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

316-Escárnio com a lei penal

Não dá para solucionar a questão da criminalidade nas ruas, enquanto a corrupção estiver enraizada nos governos!

Nos últimos tempos, o que se tem visto nos noticiários de jornais e TV, além do aumento da violência e da criminalidade de uma maneira geral, é a forma como os delinquentes têm se apresentado e respondido aos titulares das delegacias de polícia. Durante o interrogatório, parece que estão falando de igual para igual, sem levar em consideração que se trata de uma acareação para registro no Boletim de Ocorrências. O infrator responde, audaciosamente, com a certeza de que o crime compensa, pois logo estará nas ruas praticando novos delitos. A certeza da impunidade ou de uma punição tipo piada é o combustível da criminalidade nas ruas, na qual o país está totalmente mergulhado, e não se consegue vislumbrar uma solução em curto prazo, pelo menos. Dois fatos recentes são dignos de menção.
O primeiro aconteceu no dia 21, em Juiz de Fora-MG, quando uma mulher de 28 anos (filha de um ex-prefeito) foi presa dentro de um salão de beleza, no Centro da cidade. Motivo da prisão: estelionatos praticados pela internet. Ela teria anunciado imóveis localizados em cidades litorâneas, com fotos de casas de outros sites, recebia o dinheiro do aluguel pela temporada, mas, quando os clientes, cuja maior parte era do Rio de Janeiro, chegavam ao destino escolhido, descobriam que o imóvel não existia. Na delegacia de polícia, relatou, sem o menor pudor: "Lucrei muito e vivi muito. Tudo que eu ‘pagar’ agora valeu à pena. Fiquei nos melhores hotéis, viajei, e fiz tudo com o dinheiro disso aí." Segundo o depoimento, ela iniciou os golpes em 2009, após ver na televisão uma reportagem sobre esse tipo de estelionato e que, desde então, teria lucrado "uns R$ 50 mil".
O segundo fato que chama muito a atenção ocorreu no dia 23, em Cabo Frio-RJ, onde um homem de  27 anos não se importou com prisão e debochou, ao sair do carro da PM, enquanto estava sendo filmado. Ele sorriu bastante e ficou feliz pensando estar famoso: “Galã”, disse ele. “O comportamento dele é um comportamento que a gente pode chamar até de bizarro, que não é comum um indivíduo ser preso e ficar rindo da própria prisão”, afirmou o comandante do 25º BPM. Motivo da prisão: assalto à loja de roupas. ''Eu tomei um susto na hora. Ele chegou todo simpático e disse que queria ver camisas. Depois tirou a arma e anunciou o assalto. Antes de ir embora ele disse que não tinha medo das câmeras e que se alguém tinha algo a perder, esse alguém era eu'', disse a proprietária que preferiu não se identificar. As câmaras filmaram toda ação do bandido, que logo foi preso. 
São apenas dois casos ocorridos neste mês, que demonstram o quanto a sociedade está exposta aos malfeitores. A banalização da criminalidade nas ruas, e dos crimes de corrupção dentro dos governos, cresce assustadoramente. Principalmente nos três últimos governos, os quais ficaram registrados na histórica política do Brasil como sendo o período em que ocorreu o maior número de quadrilhas sendo investigadas por desvios de recursos públicos. A corrupção envolve todas as esferas de poder dentro do governo, inclusive no meio dos próprios policiais. Querer buscar uma explicação para os dois fatos acima, não poderia deixar de lado as considerações a respeito do julgamento do mensalão, no qual os réus receberam as condenações com ar de deboche e afronta ao STF, inclusive gesticulando, ao alto, com o punho esquerdo cerrado ao serem encaminhados ao presídio da Papuda-DF. São exemplos que não deveriam ser seguidos, entretanto, o que se vê é justamente o contrário. E dessa forma quem sofre é o país e a sociedade do bem. 

Celso Pereira Lara    

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