O prazo da quarentena sempre sendo
prorrogado, indicando que o fim está longe de chegar, e as ações violentas de
forças policiais, praticadas contra pessoas nas ruas, são um despropósito. A
quem interessa o colapso na economia?
Foi preciso
o vírus chinês ter chegado ao Brasil, no início deste ano, para constatarmos o
quanto estava sucateado o sistema de saúde em todos os estados. O
colapso na saúde já era anunciado lá atrás, nos governos irresponsáveis, assim
como nas áreas de educação e segurança pública.  
Em
meados de abril, o STF decidiu que estados e municípios pudessem adotar medidas
sobre isolamento social e quarentena contra o coronavírus, tirando das mãos do
presidente o protagonismo no combate ao vírus. Com isso, governadores e
prefeitos sentem-se à vontade para decretar prisões nas areias de praias e nas praças
públicas, “debaixo de vara”, sem se importarem que essas medidas sejam
extremamente ditatoriais, ferindo a própria Constituição no que compete à
liberdade de locomoção do cidadão. 
Fato
curioso, mas de importância incalculável, foi a atitude tomada por Bolsonaro,
após reunião, em seu gabinete, com empresários e representantes de entidades
ligadas à indústria, que expuseram o drama das demissões de empregados e
falências de grandes empresas. Numa ligação telefônica para o Supremo, o
presidente avisou que estava indo para lá, com o objetivo de falar com o ministro
Toffoli, mas não avisou que estava acompanhado dos empresários. Bolsonaro,
ministros e empresários atravessaram a pé a Praça dos Três Poderes, em
Brasília, e se dirigiram ao STF. O encontro não estava previsto na agenda. Foi,
portanto, uma reunião surpresa, a primeira na história do STF.
A
iniciativa deu certo! O presidente do Supremo teve que engolir em seco e segurar
a batata quente muito a contragosto. A surpresa causada a Toffoli foi o ponto
crítico, assim como as decisões monocráticas dos ministros contra os planos do
governo. Gostando ou não da atitude de Bolsonaro, o fato é que a finalidade foi
atingida: foi levado ao conhecimento da Suprema Corte o iminente colapso na
economia. 
Para
surpresa de todos, a reunião foi transmitida ao vivo, pelo Facebook, numa
demonstração de transparência total defendida pelo Chefe da Nação. Melhor não
poderia ter acontecido! Se causou constrangimento aos ministros do Tribunal,
isso é somenos importante, pois Bolsonaro não pretende carregar sozinho o ônus
da tragédia provocada pela pandemia de Covid-19.    
Toffoli
disse ser preciso respeitar a ciência na tomada de decisões e defendeu a
criação de um comitê para discutir medidas, de maneira conjunta, entre União, estados
e municípios. Mas, afinal de contas, por que diabos o STF tirou das mãos de
Bolsonaro o poder para determinar regras de isolamento, quarentena e restrição
de transporte e trânsito em rodovias, ao transferir para os estados e
municípios essa competência? Que resultado se pode esperar disso? 
Pode-se
dizer que a pandemia ainda não atingiu o pico, mas os efeitos maléficos causados
na economia já atingiram o limite do suportável, desde o final de abril. Significa
afirmar que o momento é propício para o ajustamento das medidas, com
relaxamento para os dois lados, a fim de evitar um resultado trágico demais.
O
recado ficou muito claro para aqueles que acreditam que o jogo ainda vai
demorar alguns meses e pretendem colocar em prática o tão rejeitado lockdown.
Bolsonaro falou para os ministros do STF que, se continuarem as medidas
impostas pelos prefeitos e governadores, a economia entrará em colapso, sem
meios de retorno.  
Nesse
estado de calamidade pública, o objetivo é vencer o coronavírus ou elevar o
governo à categoria de fracassado? O combate, por parte de alguns governadores
e prefeitos, mesmo com aportes bilionários vindos do governo federal, não se
limita à erradicação desse mal. A luta é política e o coronavírus é o pretexto!
   
Celso
Pereira Lara
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