quarta-feira, 16 de março de 2016

445-O desaforo escancarado da presidente

Com as delações premiadas de Delcídio, o Planalto e o Congresso mais uma vez ficaram desnorteados, havendo, portanto, a necessidade de recorrerem a atitudes nada republicanas.

Dilma preferiu cometer um desaforo muito bem planejado, ao convidar Lula para ocupar a Casa Civil. O ex-presidente envolvido em diversos processos da Lava-jato, ainda na fase de oitiva, ao aceitar o cargo de governo, estaria declarando abertamente que ele tem culpa no cartório. Primeiro, tentando de todas as maneiras (junto aos seus companheiros magistrados) impedir que fosse chamado a depor na Polícia Federal. Conseguiu algumas vezes, mas não da última. Os processos estão sendo montados e Lula, a qualquer instante, poderá ser preso!

A busca pelo foro privilegiado - em que as ações contra ele são julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - foi a saída encontrada pelo ex-presidente, juntamente com a companheira e presidente, para escapar de ser preso a qualquer momento por ordem do juiz Sérgio Moro.

Mas eis que, finalmente, o novo ministro da "Esperança" decide assumir uma Casa, mas, neste caso, para se esconder da Federal. Esse fato revela que a viva alma mais honesta do Brasil é também covarde. Afinal, o novo ministro teria ou não foro privilegiado?

Lula ocupando a Casa Civil é, sem dúvida, um Golpe de Estado! É o próprio terceiro turno. Não se pode admitir que o novo ministro, enroscado na Lava-jato, venha a ocupar, de fato, a Presidência da República. Com certeza ele atuará como se presidente eleito fosse e dará as ordens para que a sua sucessora, eleita democraticamente, cumpra. Vai governar, apenas, sem a faixa presidencial, na figura de primeiro ministro. Ele saberá, como das outras vezes, montar a grande base aliada, que, apesar de ter-se afastado pelos escândalos que rondam o Congresso, ainda assim espera por generosas vantagens, como nos velhos tempos. 

Dilma poderia sofrer outro impeachment, por ter usado de subterfúgios para obstruir a ação da justiça ou da polícia, ao nomear um ministro que está sendo investigado. Uma petulância desmedida. Com isso, Dilma mostra o seu lado mais sórdido e arbitrário ao esconder um investigado sob o manto protetor do governo petista. A presidente transcendeu de sua autoridade, desrespeitando e afrontando o estado de direito e a democracia tão defendida por ela, como prova de que o acolhimento do companheiro vale muito mais do que as crises institucional e econômica, muito mais do que o respeito ao povo brasileiro, muito mais do que a credibilidade do Brasil.

As especulações são a tônica nesse governo de faz de conta, e mais uma vez a economia sofreu um revés: o dólar voltou a subir, enquanto a bolsa caiu. As incertezas dos investidores voltaram a crescer, enfim, a confirmação de que tudo pode piorar aconteceu com a chegada de Lula. Só falta mesmo acontecer uma reforma na Casa Civil bancada por uma empreiteira amiga.

Não resta dúvida de que o governo acabou e não tem mais ninguém no comando; apenas um grupo se articulando para tentar fugir da polícia.
  
Celso Pereira Lara


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