Com as delações premiadas de Delcídio, o Planalto e o
Congresso mais uma vez ficaram desnorteados, havendo, portanto, a necessidade
de recorrerem a atitudes nada republicanas.
Dilma
preferiu cometer um desaforo muito bem planejado, ao convidar Lula para ocupar
a Casa Civil. O ex-presidente envolvido em diversos processos da Lava-jato,
ainda na fase de oitiva, ao aceitar o cargo de governo, estaria declarando
abertamente que ele tem culpa no cartório. Primeiro, tentando de todas as
maneiras (junto aos seus companheiros magistrados) impedir que fosse chamado a
depor na Polícia Federal. Conseguiu algumas vezes, mas não da última. Os
processos estão sendo montados e Lula, a qualquer instante, poderá ser preso! 
A
busca pelo foro privilegiado - em que as ações contra ele são julgadas pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) - foi a saída encontrada pelo ex-presidente, juntamente
com a companheira e presidente, para escapar de ser preso a qualquer momento
por ordem do juiz Sérgio Moro.
Mas
eis que, finalmente, o novo ministro da "Esperança" decide assumir
uma Casa, mas, neste caso, para se esconder da Federal. Esse fato revela que a
viva alma mais honesta do Brasil é também covarde. Afinal, o novo ministro
teria ou não foro privilegiado? 
Lula
ocupando a Casa Civil é, sem dúvida, um Golpe de Estado! É o próprio terceiro
turno. Não se pode admitir que o novo ministro, enroscado na Lava-jato, venha a
ocupar, de fato, a Presidência da República. Com certeza ele atuará como se
presidente eleito fosse e dará as ordens para que a sua sucessora, eleita
democraticamente, cumpra. Vai governar, apenas, sem a faixa presidencial, na
figura de primeiro ministro. Ele saberá, como das outras vezes, montar a grande
base aliada, que, apesar de ter-se afastado pelos escândalos que rondam o
Congresso, ainda assim espera por generosas vantagens, como nos velhos
tempos.  
Dilma
poderia sofrer outro impeachment, por ter usado de subterfúgios para obstruir a
ação da justiça ou da polícia, ao nomear um ministro que está sendo
investigado. Uma petulância desmedida. Com isso, Dilma mostra o seu lado mais
sórdido e arbitrário ao esconder um investigado sob o manto protetor do governo
petista. A presidente transcendeu de sua autoridade, desrespeitando e
afrontando o estado de direito e a democracia tão defendida por ela, como prova
de que o acolhimento do companheiro vale muito mais do que as crises
institucional e econômica, muito mais do que o respeito ao povo brasileiro,
muito mais do que a credibilidade do Brasil. 
As
especulações são a tônica nesse governo de faz de conta, e mais uma vez a
economia sofreu um revés: o dólar voltou a subir, enquanto a bolsa caiu. As
incertezas dos investidores voltaram a crescer, enfim, a confirmação de que
tudo pode piorar aconteceu com a chegada de Lula. Só falta mesmo acontecer uma
reforma na Casa Civil bancada por uma empreiteira amiga. 
Não
resta dúvida de que o governo acabou e não tem mais ninguém no comando; apenas
um grupo se articulando para tentar fugir da polícia. 
Celso Pereira Lara