Mesmo em contraste com a nossa
atualidade, as medidas impostas pelo Governo significam apenas um ensaio. O que
vem mais adiante, lógico, é chumbo grosso.
Em nossa democracia, cabe à sociedade rejeitar, de alguma
forma, os ajustes e reajustes que só servem para cobrir o rombo deixado pelo governo
anterior, pois se não o fizer os trabalhadores e contribuintes estarão pagando
duas vezes por aquilo que não concordam. 
A presidente reeleita
sinaliza que tem pressa para corrigir a herança maldita deixada pelo governo
anterior (dela), e, para isso, anunciou uma série de medidas - ou saco de
maldades -, no mínimo para dizer que alguma coisa está sendo feita. Com o
crescimento econômico em baixa e a inflação em alta, não dá para permanecer de braços
cruzados ou ficar viajando Brasil afora, marcando presença na cerimônia de
posse do presidente da Bolívia, reeleito para o terceiro mandato consecutivo.
Aliás, por onde anda a presidente reeleita, que até agora não apareceu, ao
menos, para os seus eleitores?
Os apagões que
acontecem nesse período de calor e as previsões de racionamento de energia
nessa época de seca revelam o quanto se deixou de fazer ou investir no momento
propício do governo passado. Entretanto, as questões eram outras. Houve
uma preocupação muito grande em não deixar pedras sobre pedras em nosso sistema
de produção de energia, mas ficou apenas no campo da preocupação, pois a
hidrelétrica da Nicarágua, construída e financiada pelo governo brasileiro -
com o dinheiro do povo -, vai muito bem, obrigado. 
É dado como certo que
tão cedo o Brasil não sairá dessa crise, e todos os brasileiros serão
penalizados de alguma forma para compensar o desastre causado pela
incompetência governamental. Enquanto isso, para suprir, em parte, nossas
deficiências nas usinas termelétricas, o Brasil continua importando energia
excedente da Argentina, sabe-se lá a que preço.
Com as precipitações
pluviométricas abaixo da média, as represas apresentam suas dificuldades de
armazenamento de água, e muitos reservatórios já atingiram o volume morto.
Racionamento de água é a palavra de ordem no momento, e gastar tem que ser somente
o essencial. A situação é de causar pavor, porque se teme que doravante ela possa
se tornar padrão. E, em acontecendo, haverá necessidade de a população mudar os
hábitos, o que não é tão simples nem tão rápido. Sem querer cutucar a promessa
de campanha feita há mais de uma década, a transposição do São Francisco agora
tem motivos de sobra para não sair do papel. Afinal, transpor o quê, com que
dinheiro?
Grandes problemas foram
criados nos três últimos governos, e foi gerada uma mega conta que agora os
brasileiros estão sendo intimados a pagar. Teremos que bancar um alto preço
pela incompetência e pela irresponsabilidade dos governantes. É bom lembrar
que, quando se aumentam os impostos, não se realizam os ajustes fiscais, mas
sim um ajuste de contas. Saquearam os cofres públicos, e agora estão saqueando
os bolsos dos contribuintes para cobrir o buraco. É assim que age o governo do
PT, levantando a bandeira defensora do povo pobre explorado pelos ricos. Se a
opinião pública não se colocar contrária a essa volúpia pelo aumento da carga
tributária, outros ajustes piores certamente virão, pois o governo reeleito já deu
a entender que está disposto a massacrar a população, visando acima de tudo
aumentar o indecente impostômetro, sem se importar com o crescente desemprego e
fechamento de fábricas. Um verdadeiro caos anunciado, confirmando a chegada da
recessão econômica. 
Vivemos momentos de
pânico, de um governo realmente atípico em suas decisões. Ele veta o que não
poderia e aprova o que não deveria: IOF, IR, CIDE e outras garfadas. Temos uma
Petrobrás violentada até a alma, e o povo pagando pelos prejuízos causados pelo
aparelhamento sem fim. Os malfeitos fabricados conscientemente surgem a cada
instante aumentando a conta que o povo tem a pagar. 
Para completar, em
meio a esse momento de pacote de sacrifícios destinado à população, deputados e
senadores, acintosamente, aprovam reajuste de seus próprios salários para a próxima
legislatura, a partir de fevereiro. Os mananciais de recursos públicos estão
sempre transbordando para a classe política, ao passo que, para o povo, vai
faltar água, vai faltar energia, vai faltar emprego, vai faltar dinheiro, vai
faltar segurança pública... Oh, recessão maldita!
Celso Pereira Lara




