quarta-feira, 27 de agosto de 2014

370-A política é abominável

Demonizar a classe política vá lá que não seria nada elegante, já que não são todos os parlamentares que se situam no eixo da sem-vergonhice. Os bons, por serem exceções, são quase imperceptíveis, tais quais salários de professores do ensino público.

Em época de eleições, o surgimento de candidatos à Presidência da República faz muito bem ao regime democrático, principalmente devido à pluralidade de partidos políticos. A quantidade é muito grande, mas são pouquíssimos os que apresentam candidato. Geralmente, são os mesmos partidos. Observe-se que a maioria fica encastelada na base aliada do governo, servindo-se do farto banquete que lhe é oferecido. Quando é chegado o momento de desincompatibilização para uma possível candidatura, os pretendentes deixam o governo, e passam a ser oposição, cuspindo no prato que tanto se serviram. Não obstante, na eventualidade de uma reeleição, os mesmos partidos se submetem ao balcão de negócios e voltam ao pasto, para se saciarem da ração que lhes é oferecida, e todos ficam felizes até a próxima eleição. Atualmente, são 39 ministérios satisfazendo a todos os gostos dos políticos, muitos deles não servindo para nada. Assim funciona a máquina governamental no Brasil.
A classe política é tão necessária e importante para a democracia em qualquer lugar do mundo, mas de uns tempos para cá, o surgimento de notícias sobre malfeitos ocupou as páginas de jornais, TVs e redes sociais, e não param de acontecer. O atual modelo político conduz o país ao caos, à degradação da democracia, e brevemente poderá estar mergulhado numa guerra civil de graves consequências. A impressão que se tem é que todo político é ladrão, e Brasília é a capital da corrupção. A culpa não é do povo ao fazer um pré-julgamento tão duro contra a classe política. Os eleitores, sim, são cúmplices e, em última instância, culpados por essa corrupção endêmica, porque os corruptos são sempre reeleitos. Os agentes políticos demonstram estar conscientes de suas atitudes e, por isso, são os verdadeiros responsáveis por todo esse estado de coisas. É natural que a indignação tenha tomado conta dos eleitores diante dos indecentes casos envolvendo desvios ou má gestão dos recursos públicos, e que sem dúvida poderá se refletir nas urnas.
Nos últimos tempos, os políticos se limitaram a cuidar de seus próprios interesses, refestelando-se no poder a qualquer custo, formando alianças com velhos inimigos, mesmo sendo declaradamente corruptos. Seus patrimônios crescem assustadoramente a cada ano, de forma totalmente incompatível com os rendimentos anuais, aos olhos da população e de seus eleitores. Esses parlamentares praticam a política do “aumentar meus bens não importa como”. Antes, roubavam, mas faziam; agora, nem isso. O momento exige uma reflexão, e o eleitor tem que perceber que isso tudo está acontecendo, não por acaso, mas com a sua permissão. A cumplicidade está confirmada pelos resultados das urnas. É tempo de mudanças radicais, de eleger novos políticos para tentar acabar com essa política viciada, abominável. Agora, a candidata Marina aparece propondo, se eleita, implantar uma “nova política” ou fazer uma “renovação política”, talvez querendo modificar para ficar tudo igual. Acontece que nem ela sabe explicar direito como será essa invenção que supostamente é de sua autoria.  De boas intenções o inferno está cheio, e caberá ao eleitor, juiz em última instância, decidir no silêncio de seu voto.    


Celso Pereira Lara

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