Demonizar a classe
política vá lá que não seria nada elegante, já que não são todos os
parlamentares que se situam no eixo da sem-vergonhice. Os bons, por serem
exceções, são quase imperceptíveis, tais quais salários de professores do
ensino público.
Em
época de eleições, o surgimento de candidatos à Presidência da República faz
muito bem ao regime democrático, principalmente devido à pluralidade de
partidos políticos. A quantidade é muito grande, mas são pouquíssimos os que
apresentam candidato. Geralmente, são os mesmos partidos. Observe-se que a
maioria fica encastelada na base aliada do governo, servindo-se do farto
banquete que lhe é oferecido. Quando é chegado o momento de
desincompatibilização para uma possível candidatura, os pretendentes deixam o
governo, e passam a ser oposição, cuspindo no prato que tanto se serviram. Não
obstante, na eventualidade de uma reeleição, os mesmos partidos se submetem ao
balcão de negócios e voltam ao pasto, para se saciarem da ração que lhes é
oferecida, e todos ficam felizes até a próxima eleição. Atualmente, são 39
ministérios satisfazendo a todos os gostos dos políticos, muitos deles não
servindo para nada. Assim funciona a máquina governamental no Brasil.
A
classe política é tão necessária e importante para a democracia em qualquer
lugar do mundo, mas de uns tempos para cá, o surgimento de notícias sobre
malfeitos ocupou as páginas de jornais, TVs e redes sociais, e não param de
acontecer. O atual modelo político conduz o país ao caos, à degradação da
democracia, e brevemente poderá estar mergulhado numa guerra civil de graves
consequências. A impressão que se tem é que todo político é ladrão, e Brasília
é a capital da corrupção. A culpa não é do povo ao fazer um pré-julgamento tão duro
contra a classe política. Os eleitores, sim, são cúmplices e, em última
instância, culpados por essa corrupção endêmica, porque os corruptos são sempre
reeleitos. Os agentes políticos demonstram estar conscientes de suas atitudes e,
por isso, são os verdadeiros responsáveis por todo esse estado de coisas. É
natural que a indignação tenha tomado conta dos eleitores diante dos indecentes
casos envolvendo desvios ou má gestão dos recursos públicos, e que sem dúvida
poderá se refletir nas urnas.
Nos
últimos tempos, os políticos se limitaram a cuidar de seus próprios interesses,
refestelando-se no poder a qualquer custo, formando alianças com velhos
inimigos, mesmo sendo declaradamente corruptos. Seus patrimônios crescem
assustadoramente a cada ano, de forma totalmente incompatível com os
rendimentos anuais, aos olhos da população e de seus eleitores. Esses parlamentares
praticam a política do “aumentar meus bens não importa como”. Antes, roubavam,
mas faziam; agora, nem isso. O momento exige uma reflexão, e o eleitor tem que
perceber que isso tudo está acontecendo, não por acaso, mas com a sua permissão.
A cumplicidade está confirmada pelos resultados das urnas. É tempo de mudanças
radicais, de eleger novos políticos para tentar acabar com essa política
viciada, abominável. Agora, a candidata Marina aparece propondo, se eleita,
implantar uma “nova política” ou fazer uma “renovação política”, talvez
querendo modificar para ficar tudo igual. Acontece que nem ela sabe explicar
direito como será essa invenção que supostamente é de sua autoria.  De boas intenções o inferno está cheio, e
caberá ao eleitor, juiz em última instância, decidir no silêncio de seu voto.    
Celso Pereira Lara
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