segunda-feira, 11 de julho de 2016

451- Brasil, o país dos pixulecos

 Nunca na história deste país se viu tanto boneco inflável caracterizando figuras em evidência neste momento político tão caótico. Mas censurar os pixulecos já é um pouco demais!

Com centenas de processos para serem julgados, a Suprema Corte decide, prioritariamente, pela repressão à liberdade de expressão, ao pedir à Polícia Federal que investigue os responsáveis por ter levado às ruas, dia 19/6, dois bonecos infláveis. No auge da crise política, as caricaturas surgem em todos os noticiários e redes sociais, assim como cartazes ou palavra de ordem nas manifestações populares. Imagens satíricas de políticos e autoridades do governo sempre existiram no Brasil, e estão protegidas pelo direito constitucional. Atualmente, essas imagens atingiram outras dimensões, por serem bonecos gigantes e infláveis, chamados pixulecos, cujo objetivo é satirizar personagens que estão em evidência no caos político brasileiro.

Com tantos bonecos espalhados nas manifestações, representando ex-presidente, presidente, ex-ministro, até então não houve nenhuma intervenção do judiciário. No presente caso, que se trata de caricatura de juízes do STF, eles logo se sentiram ameaçados e alegaram que os pixulecos representam "grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade" do Judiciário, sendo necessária a pronta ação da Polícia Federal. Calma lá, senhores julgadores! Simples bonecos infláveis não podem ser comparados a atitudes e palavras de alguns líderes de movimentos sustentados por este governo.

O presidente da CUT promete levar os algozes  pras ruas, entrincheirados, com arma na mão, para incendiar o país, se houver impeachment. Isso não é grave ameaça à ordem pública?

O Coordenador Nacional do MST ameaça parar estradas para defender Dilma, fazendo uso de seu exército.  Isso não é grave ameaça à ordem pública?

Estes defensores do status quo se julgam acima da Constituição e das leis, declaram o que querem em comícios fechados ou abertos, expondo suas verdadeiras intenções, e estão todos confiantes de que nada lhes acontecerá, pois tem a força política a seu favor.

O ex-presidente petista, que aparece em gravação de áudio e vídeo, é personagem de uma declaração de muito maior peso, que por certo atenta contra a credibilidade do judiciário. Diz ele, falando ao telefone com a presidente na sede do PT: “Eles que enfiem no #% todo o processo”  e "Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada". Isso não é grave ameaça à credibilidade da Suprema Corte?

Pela ordem de importância, considerando a grave ameaça à ordem pública declarada em ofício do STF, os pixulecos seriam os últimos a sofrer alguma retaliação. A queixa contra os organizadores de manifestações não passa de perseguição rasteira, com o objetivo de calar a todos, como se isso representasse alguma intimidação de fato. Pelo contrário, o que se observa é o acirramento da luta por um Brasil melhor, com objetivos claros de afastar do poder aqueles que defendem os atos indecentes desse governo. As manifestações contrárias ao conteúdo do ofício se espalham pela internet, causando indignação aos que defendem a democracia legítima e usam a Constituição para defendê-la. Foi uma decisão perigosa, que se não for rechaçada a tempo poderá se transformar em grave precedente.

A reação dos movimentos virá no tempo certo, e seus organizadores já contam com diversos defensores jurídicos. É chegado o momento de inflar milhares de bonecos por todo este país, como forma de não aceitar o cerceamento de direitos de livre expressão. É o mínimo que o povo pode fazer, enquanto se pode manifestar.


Celso Pereira Lara

domingo, 3 de julho de 2016

450-Lava-jato em frangalhos

Quando o povo já está confiante de que os autores da corrupção - que arrasou o país - já estejam bem próximos da prisão, eis que, do nada, surgem substituições de delegados para salvar os corruptos.

Delegados que investigam Lula na Lava-jato são afastados. Uma solução do tipo quando não conseguem baixar a febre, alteram o termômetro!

A informação é a de que dois delegados da Polícia Federal, que integram a Força-tarefa e que cuidam de inquéritos ligados ao ex-presidente Lula, vão deixar a Operação Lava-jato. Um delegado volta para a unidade de origem, no Rio Grande do Sul. O outro vai trabalhar na coordenação da Olimpíada.

Perguntas que exigem respostas ao povo:

1) Um delegado deixando a Força-tarefa para retornar à sua unidade - onde ele foi um dos responsáveis pela condução de inquéritos ligados a Lula nos casos Instituto Lula, empresa LILS Palestras e Sítio em Atibaia -, estaria assumindo uma responsabilidade maior do que na Lava-jato?

2) Outro delegado deixando a Força-tarefa, onde foi responsável pelo interrogatório de Lula (levado a depor de forma coercitiva), que foi realocado para trabalhar na coordenação da Olimpíada, estaria assumindo uma responsabilidade maior do que na Lava-jato?

3) A coordenação da Olimpíada não poderia ser ocupada por outro delegado da Polícia Federal que não estivesse comprometido com a Lava-jato?

4) Seria uma forma de promover os dois delegados, pelo brilhante desempenho na Força-tarefa?

5) Seria uma forma de punição aos dois, por falta de competência no desempenho de suas atividades?

São perguntas que não podem levar mais que 24 horas para serem esclarecidas. A troca de delegados da Força-tarefa é o maior crime que se comete contra a República Federativa do Brasil. O combate à corrupção não poder ser desconsiderado ou tratado em segundo plano. Ele é fundamental para o fortalecimento da democracia e das instituições. Permitir o desmonte da Lava-jato é o mesmo que entregar os cofres públicos aos saqueadores da nação!

Perguntinha final: Essa manobra maldosa contou com a permissão de Temer?
  

Celso Pereira Lara